Nobel da Literatura só em 2019 “pode ser positivo”

A decisão da Academia Sueca em não atribuir em 2018 o Prémio Nobel da Literatura não surpreende o mundo literário. O prémio, segundo o anúncio feito esta sexta-feira só será revelado em 2019 tendo em conta os alegados abusos sexuais em que se encontram envolvidos membros da Academia.
“Para quem está por dentro não é uma coisa que nos deixe estupefacto”, começa por dizer à RUM António Ferreira, autor do programa Livros com RUM e da Leitura em Dia. “O lado mais imediato é para as editoras e para aquele folclore que todos os anos se arrasta à volta da designação do vencedor”, acrescenta.
António Ferreira diz que um ano em branco “faz lembrar situações do passado em que davam o prémio a dois autores para contentar gregos e troianos”.
Mas mais do que isso, António Ferreira acredita que esta decisão pode trazer benefícios à credibilidade que parece estar em risco de há uns anos a esta parte. “Haver nomeado ou não, não faz falta porque o comité não acerta uma e como não acerta uma pode ser que isto seja o ensaio de fechar portas de uma vez por todas. Pode ser um pouco irónico mas pode ser que se ganhe alguma coisa como serem nomeados novos elementos que refresquem as ideias e novas concepções e perceber que há escritoras e escritores que merecem o prémio nobel”, defende António Ferreira.
Recorde-se que a Academia Sueca, abalada por um escândalo envolvendo fugas de informação e abusos sexuais que fez sair cinco membros decidiu não atribuir este ano o prémio Nobel da Literatura.
Áudio:
O comentário de António Ferreira à decisão da Academia Sueca
