Noite Branca. Instalação nos Biscainhos confronta cidade e periferia

Já começam os preparativos para a Noite Branca em Braga. O evento, que acontece entre os dias 6 e 8 de Setembro, vai reunir uma multidisciplinaridade de eventos ao atravessar a música, o teatro, a dança ou as exposições. É nesta última área que o município e a Fundação Bracara Augusta lançaram o concurso de media arts ON/OFF, que solicitou aos participantes a elaboração de um projecto que respondesse ao desígnio entre o popular e a vanguarda, tema protagonista da edição 2019 da Noite Branca.
É aqui que entram António Pedro Faria e Miguel Santos, uma das duplas vencedores do concurso. A dupla apresentou a instalação “Noite Dividida”, um conjunto de esculturas que evoca a memória do poeta bracarense Sebastião Alba. O projecto, que estará patente no período da Noite Branca no jardim do Museu dos Biscainhos, pretende, através das esculturas que incluem fotografias, mostrar alguns espaços icónicos da cidade em confronto com locais periféricos.
“Quisemos convocar, em primeiro lugar, alguém ligado à cidade como o Sebastião Alba, que nos desse uma postura marginal, de periferia, e que depois pudesse integrar o nosso projecto”, começa por dizer António Pedro Faria, um dos artistas do projecto. Depois da inspiração, a dupla partiu para o desenvolvimento. “A instalação artística passa por colocar estruturas metálicas em que os planos fazem um ângulo de 90º: num dos lados o espelho reflecte o jardim do museu e do outro zonas periféricas e esquecidas da cidade”, explica.
A ideia, esclarece o artista, era criar um confronto: “temos, de um lado, um espaço natural desenhado e, do outro, espaços urbanos à volta da cidade que são muito menos controlados; a ideia era mostrar esse paradoxo entre lugares”. Numa face, o espelho reflecte o jardim, no outro são colocadas fotografias dos tais lugares periféricos que, segundo revela o artista, foram tiradas em Maximinos ou Lamaçães. “As imagens não são muito perceptíveis porque queremos dar uma ideia de abstracção mas passamos nessas zonas e fotografamos edifícios comerciais devolutos ou redes urbanas que estão por fechar”, especifica.
O artista, natural de Braga, mostra satisfação por poder expor na sua cidade. “Para mim, que sou de Braga, é bom poder apresentar o meu trabalho na minha cidade… acho que é importante valorizar e potenciar a Cultura a um ponto essencial na vida urbana de uma cidade”, completa.
