Nuno Sousa “está farto” de ver a EMUM a perder competitividade

“Estou farto”. Estas foram as palavras utilizadas pelo presidente da Escola de Medicina (EMUM) para retratar a conjuntura actual no ensino devido à falta de resposta das entidades competentes. À margem da celebração dos 19 anos da escola, Nuno Sousa declarou que as dificuldades estão a aumentar o que está a contribuir para uma “perda de competitividade”.

O presidente dá um exemplo concreto no qual a burocracia colocou obstáculos aos projectos da EMUM. “Estivemos três anos à espera de uma resposta para conseguir contratar três investigadores de carreira que seriam pagos pela própria universidade”, declarou. No entanto, os alertas não ficaram por aqui. Nuno Sousa, acrescentando que está farto de decretos de lei que não resolvem nada, assim como também está farto de ser incapaz de pagar encomendas mesmo contando com orçamento para as fazer. 

O presidente da EMUM deixou também algumas questões no ar. Por exemplo, “porque é que todas as áreas podem receber estudantes internacionais, excepto medicina”. Outras das preocupações, num dia em que dezenas de alunos são diplomados, passa pelo facto de “40% dos jovens graduados, a nível nacional, não conseguirem já em Novembro ter acesso a uma especialidade”. Algo que para Nuno Sousa “não é normal”, sendo que Portugal não é um país com “excesso de força de trabalho”.

Bastonário da Ordem dos Médicos já apresentou propostas para enfrentar problemática.

Miguel Guimarães confessa que, desde o ano de 2015, a ordem tem conhecimento de casos de estudantes que não têm acesso a especialidade devido à livre circulação na Europa para concursos, ou seja, interessados provenientes de países como Espanha podem concorrer às vagas abertas em Portugal, assim como o contrário também é possível. O bastonário esclarece, no entanto que esses 40% referidos pelo presidente da EMUM são relativos a “estudantes que vão repetir o exame para entrar numa especialidade”.

Para dar uma resposta eficiente a este problema a ordem já apresentou ao Ministério da Saúde propostas por um lado para tentar resolver a situação e por outro para disponibilizar saídas alternativas na área da investigação e, por exemplo, de emergência. Um modo de fornecer aos jovens estudantes de medicina uma pós-graduação antes de fazerem a especialidade e assim conseguirem exercer medicina com mais segurança. Porém, Miguel Guimarães adianta que os “únicos que disseram ser capazes de o fazer foram os estudantes da UMinho”.

No que ao Serviço Nacional de Saúde diz respeito, Miguel Guimarães sublinhou que caso o Governo continue a não valorizar as pessoas o futuro será duvidoso. O bastonário adiantou que tem aumentado o número de profissionais que tem saído do sector público para o privado tornando assim o SNS cada vez mais “enfraquecido”. O resultado está à vista, “listas de consultas e cirurgias inaceitáveis”. Miguel Guimarães acrescenta que dos 10 mil milhões de euros disponibilizados para o SNS, 2,4 mil milhões são já transferidos para o sector privado que tem respondido a serviços que, neste momento, o SNS não consegue providenciar.

“Há projectos que estão a ser minados”, reitor da UMinho.

O reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, garante que “há projectos que estão a ser minados por uma grande instabilidade que rodeia o financiamento das universidades”. O responsável máximo da academia minhota frisa que existem leis que colocam em causa o funcionamento da instituição. Porém o reitor sublinha que apesar das adversidades a UMinho vai continuar a levar avante os projectos pois estão convictos da sua qualidade.

Recorde-se que a Escola de Medicina, como uma das mais activas ao nível de projectos de investigação, é das mais afectadas pelos atrasos dos reembolsos da FCT e outras entidades. Neste momento estão a faltar nos cofres da UMinho cerca de 10 milhões de euros.

Vanessa Batista
Vanessa Batista

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