O centenário de Sophia, por António Ferreira
Celebra-se esta quarta-feira o centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen. Escritora e poeta, Sophia foi também activista política e uma mulher de causas, sobretudo voltadas à cultura e ao humanismo. Para assinalar a efeméride, António Ferreira, autor do programa Livros com RUM, lembra a vida e a obra da escritora nascida no Porto.
O bibliófilo descreve Sophia como “uma mulher assombrosa do seu tempo”. “A escritora e poeta Sophia de Mello Breyner Andresen foi uma figura assombrosa da cultura e da política em Portugal. Fruto de uma educação empenhada, foi alguém que promoveu, um pouco antes do tempo, a igualdade entre homens e mulheres”.
Na obra literária, que abarca dezenas de publicações, entre contos infantis e poemas, António Ferreira lembra que Sophia herdou “o primeiro trovadorismo e lirismo português”, numa linguagem “depurada, simples, que queria desvendar os problemas existenciais dos homens e das mulheres”.
No vasto espólio, António Ferreira assinala os livros infantis “O Cavaleiro da Dinamarca” e “Histórias da Terra e do Mar” mas o que merece principal destaque é a edição “O Nu na Antiguidade Clássica“, um ensaio sobre a arte e o corpo na antiga Grécia.
“A Sophia era uma pessoa fascinada pela Grécia, admirava a cultura clássica grega e conhecem-se até as grandes viagens que fez com a sua grande amiga Agustina Bessa-Luís. O livro é o resultado dessa conjugação e maravilhamento dela por essa cultura”.
Além da obra literária, António Ferreira sublinha “as intervenções admiráveis” de Sophia de Mello Breyner enquanto deputada na Assembleia Constituinte, em 1975. “Era uma mulher política e nunca teve medo, nunca se escondeu. Era também humanista e lidava com a relação entre o Homem e a natureza, temas agora actuais”.
Sophia de Mello Breyner Andresen faria 100 anos a 6 de novembro. Morreu no dia 2 de Julho de 2004.
