“Os mais novos têm pouco conhecimento sobre a UE”

A chefe da representação da Comissão Europeia em Lisboa, Sofia Colares Alves, referiu na tarde desta quarta-feira, em Guimarães, que há “muita falta de conhecimento dos mais novos” sobre a União Europeia. A responsável política marcou presença na Biblioteca Raúl Brandão para desmistificar algumas das medidas e ideias europeias perante uma plateia de 50 estudantes de escolas secundárias e profissionais do concelho.

A iniciativa, intitulada “A Tua Europa”, pretendia ser um debate entre a responsável e os estudantes mas cedo se percebeu que os presentes, com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos, não estavam comprometidos. Assim, o debate transformou-se numa palestra de Sofia Colares Alves que, em conjunto com a presidente da Casa da Juventude de Gumarães, Filipa Pereira, desconstruiu algumas das ideias preconizadas pela União Europeia e seus organismos.

A representante da Comissão Europeia começou por falar dos benefícios de ser europeu em matérias como a transmissão de dados em rede, da etiquetagem e preços regulados da alimentação, desconstruindo, depois, as diferenças entre os vários organismos europeus como o Conselho Europeu, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia.

“Estes debates cara-a-cara são importantes para tentar perceber o que é que as pessoas pensam da União Europeia porque há muita falta de conhecimento, sobretudo nos mais novos”, revelou, ressalvando, porém, que os jovens são sensíveis “às alterações climáticas, como os incêndios ou o uso do plástico”.

E serão mesmo as questões das alterações climáticas e também do futuro do trabalho que vão obrigar os jovens a tornarem-se mais interventivos política e socialmente. “Eles vão ter necessariamente de se confrontar com estas questões, porque lhes vão bater à porta. Mais vale prepararem-se para orientarem as suas vidas e a sociedade”.

Os jovens não são, naturalmente, os únicos culpados da ausência da própria participação cívica e política. Sofia Colares Alves alertou que os organismos responsáveis constituem um elemento determinante para a maior activação e sugeriu implementar “uma disciplina ou um tempo nas escolas para se falar da União Europeia“. “Não para falar sobre as instituições e coisas complicadas mas sobre a Polónia ou a Lituânia. Pouco a pouco os miúdos percebem que fazemos parte de uma comunidade, que partilha valores”.

Artigo 13. legisla direitos de autor

Sofia Colares Alves debruçou a sua intervenção sobre o malfadado artigo 13. Aproveitou para desmistificar a ideia de que o artigo vai acabar com a Internet e lembrou que o que está em causa é “legislar os direitos de autor em plataformas como o Youtube ou o Instagram“. 

O esclarecimento sobre o artigo surgiu depois de um youtuber português ter dito que a Internet iria acabar. As palavras do youtuber, além de estarem erradas, provocaram o pânico junto dos mais novos. Sofia Colares Alves esclareceu que “não se pode restringir a liberdade de expressão, mesmo que se digam os maiores disparates” mas enfatizou que as “plataformas têm de ter limites“.

“A União Europeia celebrou recentemente, com as plataformas, códigos de conduta quanto à desinformação. O que se pretende é uma regulação do que é carregado na net”, esclarecendo que “no caso português, quem supervisiona a desinformação nas campanhas políticas é a Comissão Nacional de Eleições e não a Comissão Europeia”.