Pais da EB1 de S. Lázaro voltam a reunião de câmara

O visto do Tribunal de Contas deve chegar ainda esta semana à Câmara Municipal de Braga, mas os entraves ao arranque das obras de requalificação na EB1 de S. Lázaro continuam a indignar pais e encarregados de educação que esta segunda-feira assistiram em massa à reunião de câmara do executivo. As aulas decorrem há aproximadamente dois anos em contentores, uma situação que não agrada aos encarregados de educação, assim como o desenrolar de todo este processo. Hoje, depois da ordem de trabalhos, um dos encarregados de educação leu uma extensa carta ao executivo. Os pais criticam a postura do município e acusam Ricardo Rio de proferir, em diferentes momentos, “declarações irresponsáveis” no que respeita aos timings de arranque da obra. As declarações do autarca onde refere que os alunos têm melhores condições nos contentores do que na sala de aula também não foram bem acolhidas pelos pais.

João Soares, encarregado de educação, apelou ao avanço do processo “de uma vez por todas”. Pedem ainda a resolução de diferentes problemas detectados nos contentores provisórios. “A inserção de desumidificadores, a melhoria nas casas de banho”, uma vez que são contentores são próprios para adultos e não para crianças” e ainda “a falta de sombra” nos meses de Verão, são alguns dos problemas. Já no Inverno, entre os constrangimentos, os pais destacam o facto de as crianças saírem de contentores climatizados para se deslocarem a casas de banho frias. “Nós queremos unicamente que as obras arranquem de uma vez por todas e que fiquem concluídas a tempo do arranque do novo ano lectivo”. “Apesar da questão do amianto, os próprios professores estavam muito melhor instalados do que nos contentores. É caso para dizer basta”, atirou o encarregado de educação. 

Na resposta aos diferentes problemas colocados pelos pais, Ricardo Rio, presidente da CMB começou por referir que “ninguém pode acusar a câmara de não cumprir com o que prometeu”, lembrando que o atraso aconteceu pelo facto de uma das empresas que foi eliminada do concurso ter reclamado da decisão.

Os pais e o vereador da CDU sugeriram à CMB que se disponibilizasse a pagar valores adicionais à empresa para que acelerasse a obra permitindo a conclusão ainda antes dos oito meses exigidos no caderno de encargos. Uma sugestão recusada no imediato por Ricardo Rio, justificando-se com questões jurídicas. Ainda assim, o autarca comprometeu-se a uma fiscalização exigente também no que ao cumprimento de todos os prazos diz respeito. “Estamos tão empenhados quanto eles (pais) em que a situação seja resolvida. A nossa expectativa é de que nesta semana mesmo o visto possa ser concedido, a obra se possa iniciar e o próximo ano lectivo já esteja a funcionar em pleno no novo edifício”. Além disso, o autarca assegura que a câmara irá ouvir com atenção os reparos deixados pelos pais quanto aos desumificadores e casas de banho.

CDU desafia CMB a renovar EB1 de S. Lázaro em menos de oito meses

Ao lado das reivindicações dos pais, o vereador da CDU, Carlos Almeida acusa o executivo de Ricardo Rio de “responsabilidades objectivas” na situação, considerando que deveria ser um problema antecipado pelo município. O assunto que voltou hoje à discussão levou Almeida a desafiar a autarquia a “encarar com toda a naturalidade custos adicionais para que a obra decorra mais rápido do que o que consta no caderno de encargos”. No entanto, não acredita que as crianças da EB1 de S. Lázaro e Jardim de Infância fiquem instaladas no edifício a requalificar.

PS considera que Ricardo Rio deve um pedido de desculpas aos pais

Para o Partido Socialista (PS) os contratempos para o arranque da obra e as alternativas encontradas pela autarquia revelaram prioridades contraditórias, à semelhança do que aconteceu noutro tipo de situações no mandato anterior. Miguel Corais refere que a forma como o assunto foi conduzido revela “falta de sensibilidade e falta de humanismo” da autarquia, considerando ainda que Ricardo Rio “devia pedir desculpa aos pais”. 

Artur Feio, por sua vez, considerou a resposta de Ricardo Rio “indecorosa” manifestando “falta de respeito absoluta”. Já Liliana Pereira sublinhou que a vereadora com o pelouro da Educação deveria ter falado no lugar de Ricardo Rio.