Paulo Cunha: “Estamos a devolver o papel central às cidades”

O presidente da Câmara Municipal de Famalicão acredita que as cidades vão ficar à frente dos países na hierarquia do território. Paulo Cunha esteve esta tarde no Museu D. Diogo de Sousa a convite do Fórum Internacional das Comunidades Inteligentes e Sustentáveis (FICIS) e centrou o discurso na eficiência das cidades.

O autarca começou por dizer que a sociedade está já “a devolver o papel às cidades”, considerando que o futuro para a eficiência no urbano está no termo entre “o antigo e o futuro”. Paulo Cunha apresentou depois os projectos que Famalicão preconiza na eficiência, um conceito aqui aplicado no sentido lato. Lato porque o autarca afastou-se do significado mais associado à eficiência, como a sustentabilidade ambiental, optando por debruçar-se pelo social.

“O cidadão tem de ser cada vez mais actor e não receptor. O desafio mais difícil das cidades, hoje em dia, é o de perceber como colocar o cidadão no centro das políticas da cidade. As pessoas têm de ser desafiadas para o processo. Mais do que o dinheiro, é a participação que conta”, explicou.

Famalicão olha para o cidadão como o actor para uma maior eficiência de recursos e, por isso, recuperou o organismo das Comissões Sociais InterFreguesias, as chamadas CSIF’s [criadas há 20 anos], que têm o objectivo de reunir os vários agentes económicos, culturais, educativos, e até individuais das comunidades e torná-los voz activa nas soluções do território. O autarca deu o exemplo dos transportes públicos. “É impensável haver um circuito de transportes públicos em Famalicão a cada dez minutos mas posso utilizar um autocarro de uma IPSS de uma freguesia e utilizá-lo para a população da área”, exemplificou. 

Paulo Cunha falou ainda da necessidade de valorizar o que é “endógeno” recusando, contudo, a ideia de que “os concelhos são ilhas”. Para o autarca, é fulcral “utilizar o que já existe e aplicá-lo de melhor forma”. O turismo foi o exemplo usado: “não temos o património de Braga ou Guimarães mas temos o turismo têxtil; não é turismo para quinze dias, é para dois dias, em que podemos aproveitar o turista que pousou no Sá Carneiro e que pode ir à Casa de Camilo e visitar a Riopele ou a Continental; é um produto turístico que poucos imaginavam possível”.


Quadrilátero ser uma cidade é hipótese para Paulo Cunha

O presidente da Câmara de Famalicão assinalou ainda a importância do quadrilátero urbano no âmbito da eficiência das Smart Cities. Para Paulo Cunha, implementar um organismo único para Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos seria uma solução a pensar, ressalvando a independência territorial, como “Londres”, onde várias cidades estão numa só.

“O conceito de cidade é um conceito que se pode montar sobre quatro concelhos. Temos quase 600 mil habitantes no quadrilátero. No outro dia estive em Liverpool, que tem 400 mil habitantes, por causa de um acordo comercial e o orçamento anual deles é de 1.3 mil milhões de euros, o que equivale a 150 orçamentos da minha câmara municipal. É óbvio que a minha posição perante Liverpool não foi de subalternidade mas teria mais força se lá estivesse o quadrilátero”, assinalou.

O FICIS decorre até quinta-feira no Museu D. Diogo de Sousa, em Braga.

Áudio:

Paulo Cunha explica o conceito de eficiência aplicado em Famalicão

Pedro Magalhães
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