“Penhora das contas municipais” marca o ano autárquico, diz CDU

A CDU de Braga aponta “a penhora das contas municipais” como o principal marco do ano da gestão do executivo liderado por Ricardo Rio. Desafiado a fazer um balanço da gestão municipal antes do período de férias na Câmara Municipal de Braga, o vereador sem pelouro da CDU Carlos Almeida aponta agulhas aos números e considera que o município “tem uma visão irresponsável” no campo financeiro.
“Esta maioria sempre fez um grande elogio à sua eficiência nas contas municipais – de que reduziram a dívida e aumentaram as receitas -, e as contas foram penhoradas”, refere, antes de assinalar que “este ano a dívida a curto prazo aumentou na ordem dos 20 milhões de euros e, em sentido contrário, a carga fiscal aumentou sobre as famílias, nomeadamente em sede do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), que aumenta de ano para ano”.
O anúncio à penhora às contas municipais deveu-se ao derrape com as contas da construção do Estádio Municipal de Braga. Apesar do facto, Carlos Almeida é da opinião que o actual executivo refugia-se “em demasia” na gestão da anterior administração, liderada por Mesquita Machado. O vereador lembra que submeteu um requerimento, em Fevereiro passado, de um relatório que informe sobre o real custo do Estádio. “Estamos em Agosto e continuo à espera de uma resposta porque num dia o equipamento custou 180 milhões, noutro custa 200, num dia é a Câmara que paga a manutenção, noutro já é o Sporting Clube de Braga”.
Sobre o futuro do Estádio, o município já manifestou a vontade de realizar um referendo local e dar voz à população. A isto, e reiterando uma posição anteriormente tomada, Carlos Almeida assinala “que o referendo não vai resolver o problema”. “O erro tem responsáveis, que deviam ser apurados. É impressionante que um equipamento que tinha um custo de 60 milhões de euros passa para 150 milhões”, diz, assinalando que tudo isto causa dúvida na opinião pública.
“Miguel Bandeira não foi capaz de tomar uma decisão que fosse aceite pelos outros vereadores”
Outro dos assuntos que dominou a agenda política do ano em Braga foi o caso do Recolhimento das Convertidas. Em causa, a intenção do município em viabilizar uma unidade hoteleira junto ao local, opção desde logo negada pela CDU. Carlos Almeida fala, uma vez mais, em contradições no discurso e refere que o processo “é inacreditável, tendo em conta a posição do presidente da Câmara e do vereador Miguel Bandeira”.
Ao responsável pelo pelouro do património em Braga, Carlos Almeida aponta o dedo pela aparente inépcia em levar a sua posição avante. “Bem sei que ele se opôs [no voto ao Pedido de Informação Prévia] mas não foi capaz de tomar uma decisão que fosse aceite por todos os vereadores da sua equipa”.
Carlos Almeida refere que “não faz sentido que hoje, em troca do investimento privado, se ponha em risco o valor patrimonial” do Recolhimento das Convertidas.
