Plano de Mobilidade de Braga quer “devolver a cidade às pessoas”

Encurtar a distância que os peões têm de percorrer até ao destino, beneficiando as passagens subterrâneas, reforçar o interface multimodal CP ou requalificar a central de camionagem.
Poderá passar por aqui a cidade de Braga no futuro, que pretende ser mais amiga do ambiente e das pessoas.
Até ao final do ano, os bracarenses poderão dar os seus contributos para o Plano de Mobilidade para, depois, se elaborar a versão final.
As primeiras pistas em relação às alterações que a cidade pode vir a sofrer foram dadas esta quarta-feira, numa sessão no Museu D. Diogo de Sousa.
Para já, o documento “é flexivel e apresenta apenas linhas orientadoras, que vão sendo corrigidas, e que incorpora medidas que vão depender do apoio do Governo e de fundos europeus”, afirmou Miguel Bandeira.
Entre as medidas pensadas para a mobilidade futura da cidade, o vereador do Ordenamento e Mobilidade destaca “a resolução do Nó de Infias, o reperfilamento de algumas vias estruturantes com alteração dos sentidos, que poderão racionalizar melhor a fluidez do tráfego, a introdução de radares que possam inibir os condutores com consequências de ultrapassarem os limites de velocidade, concluir a variante do Cávado, para desviar o tráfego de atravessamento automóvel do centro da cidade, valorização da coexistência de circulação entre velocípedes, trotinetes, peão, que é o topo da piramide, e outros tipo de circulação e a valorização crescente dos transportes urbanos de Braga”.
Braga é uma das cidades onde o uso do automóvel cresceu exponencialmente. Em 2001, a percentagem de pessoas que se deslocavam de carro era de 48%, a pé 27% e de transportes públicos 24%. Dez anos depois, o uso do automóvel subiu para os 66%, a pé 18% e de transportes públicos 15%. Sendo que 80% das pessoas se desloca no carro sozinhas, no futuro poderá ser implementado um novo sinal de trânsito para veículos com mais de dois passageiros.
O documento define grandes opções estratégicas de mobilidade que priorizam os peões, as bicicletas, o transporte público e o uso eficiente do carro, tendo como finalidade humanizar e descarbonizar a cidade, promovendo a sustentabilidade ambiental e a segurança rodoviária. Incide sobre temáticas como a cidade caminhável, a cidade ciclável, a promoção dos transportes públicos, a optimização do sistema viário, a integração dos modos de transporte, a melhoria da qualidade de ambiente urbano ou a promoção da mudança de comportamentos.
Metro pode ser opção para ligar quadrilátero
A ligação ferroviária directa entre Braga e Guimarães voltou a não ser prioritária para o Governo. Miguel Bandeira considera que a ligação não só a Guimarães mas ao quadrilátero “será uma inevitabilidade”. A decisão, diz, “vem fundamentalmente atrasar a necessidade de estimular a fluidez entre o quadrilátero”.
“Preferia não me comprometer com uma tipologia, porque pode ser desde frequência rápida de autocarros, a um metro ligeiro, extensão do ramal ferroviário, mas se nao for priorizado será adiado e isso não é uma boa notícia”, acrescentou Bandeira.
Para Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, a mobilidade é uma “prioridade absoluta para o desenvolvimento de qualquer território” , sendo que este Plano, já em estado avançado, traça o caminho a seguir nesta matéria. “É um documento estratégico e abrangente que reflecte as nossas prioridades e que vai permitir efectuar intervenções com coerência e que vão no sentido de cumprir os objectivos que queremos atingir”, afirmou, destacando que este documento é fruto de um esforço de colaboração e construção colectiva que envolveu a comunidade e vários agentes locais.
Também Miguel Bandeira, vereador do Município de Braga, afirmou ser fundamental a existência de um compromisso de todos para a implementação de um novo paradigma de mobilidade. “Apesar de em Portugal a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável ser, ainda, facultativa, o Município de Braga considera que esta é uma ferramenta prioritária para o planeamento da mobilidade e para o enquadramento estratégico e concertação dos projectos nessa área e na finalidade das candidaturas vindouras, como modo prioritário de valorização do futuro do nosso território”, refere, indicando que o Plano irá assumir-se como um instrumento politico e técnico, social e cultural para devolver a cidade às pessoas e melhorar a sua qualidade de vida.
O Plano de Mobilidade de Braga está em discussão pública até ao final do ano, com o objectivo de recolher contributos dos bracarenses para a versão final. Esta quarta-feira foram dadas algumas pistas daquela que poderá ser a cidade no futuro. O projecto define grandes opções estratégicas de mobilidade que priorizam os peões, as bicicletas, o transporte público e o uso eficiente do carro, tendo como finalidade humanizar e descarbonizar a cidade, promovendo a sustentabilidade ambiental e a segurança rodoviária.
O objectivo é tornar Braga uma cidade caminhável, ciclável, e que promova o uso dos transportes públicos.
