Plataforma com “projecto inovador” pede “usufruto” da Fábrica Confiança

NOTÍCIA ACTUALIZADA


Um conjunto de vinte associações de Braga assegura ter a alternativa para fazer o município recuar na intenção de venda da antiga Fábrica Confiança prometendo fazer tudo para sensibilizar a autarquia e o Ministério da Cultura.

Esta terça-feira, na Junta de Freguesia de S. Victor, a Plataforma Salvar a Fábrica Confiança apresentou à comunicação social um projecto que diz ser “inovador e diferenciador em Braga, na região e no país”, e que pretende activar a antiga fábrica com eventos culturais diversificados e interromper o ciclo de degradação.

Apelidado de ‘Confiança CCC’ – Confiança Centro Cívico e Cultural, o colectivo vai propôr ao Município para usufruir do espaço,activar a antiga fábrica “salvaguardando e valorizando o património material e imaterial”, abrindo-a “para todos” com a promoção de actividades cívicas e culturais”.

Criação de entidade jurídica permitirá gestão e candidatura a fundos comunitários

Maria Manuel Oliveira, arquitecta e antiga presidente da Escola de Arquitectura da UMinho, assegura que é possível inverter o rumo que o município de Braga quer seguir. A especialista acredita que aderir a este projecto significaria tornar a antiga Confiança “num ponto de cruzamento de moradores, de pessoas ligadas à Universidade do Minho e  de todos os cidadãos e das associações sócio-culturais”. Para isso, a Plataforma defende “a criação de uma entidade nova que se propõe reabilitar e dinamizar o edifício da Confiança, candidatando-se a todos os fundos nacionais, comunitários e internacionais” que tem vindo a identificar, explicou.

“Construir o futuro – desbloquear o impasse” é o lema deste conjunto alargado de associações que já idealiza o “Centro Cívico e Cultural Confiança”. “A fruição deste edifício não implica esperar anos a fio até haver as condições financeiras para o ter completamente renovado. Propomos que, para já, e muito rapidamente, possamos em Setembro avançar já com os Encontros da Imagem na própria Fábrica Confiança e festejar muito efusivamente aquilo que será o aniversário 125 deste edifício, a 12 de Outubro”, disse a arquitecta, sublinhando que “neste momento existe a oportunidade de criar algo que é diferenciador também a nível regional e talvez nacional”.

As associações que se foram juntando à Plataforma Salvar a Fábrica Confiança acreditam que uma limpeza do edifício e do seu espaço exterior deve ser “o primeiro passo”, defendendo assim uma “reabilitação progressiva com candidaturas a fundos comunitários, com o contributo de mecenas e do próprio município de Braga”.

Maria Manuel Oliveira reitera que é possível “construir uma possibilidade em que se encontrem acordos” e acredita que “há alternativas, muitas delas de iniciativa da sociedade civil”, além de “centros culturais para todos os orçamentos”. A docente sublinha que a Fábrica Confiança “é uma oportunidade para criar um projecto inovador e diferenciador”.

A arquitecta que hoje surgiu como figura central da plataforma esteve ligada a projetos como a reabilitação do Largo do Toural, em Guimarães, ou ao recente projeto da UMinho “Abrir o Paço à Cidade”, em Braga.

Encontros da Imagem na antiga saboaria já em Setembro


A Associação Encontros da Imagem quer realizar a próxima edição do evento na antiga fábrica. Carlos Fontes, director artístico, é um dos defensores da Fábrica enquanto bem municipal, classificando-a como “polivalente e multifuncional”. “Não é necessário criar mais nenhum gnration nem nenhum Theatro Circo, é necessário é criar um espaço diferente e alternativo. A Confiança tem exactamente essas condições sem grandes investimentos”, defende. 

Carlos Fontes promete voltar à carga para utilizar a Fábrica Confiança para os Encontros da Imagem já este ano e diz também que “Braga está carente de espaços”.

Henrique Barreto Nunes sugere um polo da BLCS num dos espaços da antiga saboaria

Outra das associações contra a alienação do imóvel é a ASPA. Henrique Barreto Nunes afirma que a dimensão do edifício permitiria também a criação de um pólo da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva e da Biblioteca Pública de Braga. “Tem um espaço extraordinário para criar um novo polo da biblioteca e servir esta zona da cidade que está abandonada neste aspecto. Culturalmente, esta zona é um deserto”, atira.

“Importa criar um modelo que equilibre as contas”,Luis Tarroso Gomes

Luis Tarroso Gomes deu o exemplo da própria velha-a-branca para assegurar que é possível criar uma entidade que possa dar um futuro à antiga Fábrica Confiança. 

“O que importa é criar um modelo que equilibre as contas. Ao conversarmos todos percebemos que há falta de espaços, e as necessidades também se criam tal como aconteceu com a velha-a-branca quando começou”, referiu.

Plataforma solicita audiência ao presidente da CMB

O processo de classificação da antiga fábrica pode mudar o rumo equacionado pela autarquia ou vir até a afastar eventuais investidores. 

A proposta da plataforma vai ser apresentada ao município de Braga e ao Ministério da Cultura. Cláudia Sil, reitera que o projecto é viável. “Deixem-nos ocupar o edificio e nós mostramos que conseguimos, que precisamos, que sabemos o que lá vamos fazer e que financiamos. Se a CMB se quiser juntar, é um projecto que se vislumbra muito positivo e dinamizador das várias economias, não é só no ramo cultural”, assegura.


O objectivo da plataforma é “interromper no imediato o ciclo de degradação progressiva da antiga Fábrica Confiança com uma limpeza e algumas obras de protecção”.  

Recorde-se que a Plataforma conta com vinte entidades bracarenses abrangendo, entre outras áreas, a fotografia, dança, teatro, música, cinema ou artes plásticas. Vincando que objectivo não é que o edifício sirva para sede das associações, a plataforma pretende posteriormente criar uma entidade jurídica nova a que caberá a gestão e a candidatura a fundos, sendo aberta à participação de todos os cidadãos, associações e fundações.

A Plataforma Salvar a Fábrica Confiança dá ainda nota da existência de “inúmeros espaços” que podem servir de inspiração, como o Centro  para os Assuntos da Arte e Arquitectura, em Guimarães, a Oliva Creative Factory São João da Madeira) ou as Carpintarias de S. Lázaro (Lisboa). 

Os subscritores assinalam também que a Fábrica Confiança, nos moldes sugeridos, poderá ser um elemento “importantíssimo” no processo de candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura 2027.

Elsa Moura
Elsa Moura

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