“Políticos não ajudam a encantar as Eleições Europeias”

A chefe da Comissão Europeia em Portugal, Sofia Colares Alves, considera que os “políticos não ajudam a encantar as pessoas para as Eleições Europeias”. Arrancou hoje a campanha oficial para as Eleições Europeias, um acto eleitoral cuja taxa de participação tem vindo consecutivamente a baixar – em Portugal, em 2014, a taxa foi de apenas 34,5%.
Em entrevista à RUM, a representante da Comissão Europeia em Lisboa justifica os números pelo discurso que os agentes políticos assumem na campanha eleitoral, ao entrarem “em rixas e ideologias entre partidos”.
“Não discutem, verdadeiramente, as questões interessantes e que interessam às pessoas. Os candidatos deviam centrar o debate nas questões europeias”.
Dentro das questões que enuncia, Sofia Colares Alves exemplifica a “necessidade de uma Europa mais justa, de haver alojamento acessível e eficiente, uma maior redistribuição de rendimentos, e maiores oportunidades no mercado de trabalho”. E deixa um lamento: “Se os líderes europeus avançassem com as propostas que estão em cima da mesa (na União Europeia) iríamos conseguir dar resposta à maior distribuição de riqueza e justiça social”.
Os jovens apresentam um “desinteresse geral pela política”
Nas últimas eleições europeias em Portugal, apenas 19% dos jovens entre os 18 e os 24 anos acorreram às urnas. Um número preocupante, que o Governo está a tentar contrariar este ano através da promoção de campanhas de incentivo aos votos.
Sofia Colares Alves assinala que a abstenção na camada mais jovem se deve ao “desinteresse geral pela política”. A representante nota que o desinteresse “se sente também na política nacional” e considera “que os jovens não se informam, e por isso não se sentem mobilizados”.
A solução para combater o afastamento dos jovens à política passa, na opinião da representante europeia, por inserir a União Europeia no programa escolar. “Há que integrar a União Europeia, a cidadania e a sensibilização para a vida em sociedade no currículo escolar”, esclarecendo que “não há plano B para Portugal” a não ser a continuidade no projecto europeu.
Sofia Colares Alves sugere que matérias como o ambiente ou o digital sejam debatidas no âmbito político. “Os jovens não se revêem nas políticas e no discurso que são feitos. É um ciclo vicioso e há que quebrá-lo através de escutar os jovens e perceber o que é que lhes interessa: seja o ambiente, a música, a internet ou a solidariedade com os migrantes. É preciso mobilizá-los por um destes temas e dar a perceber que têm de ajudar os políticos de hoje a resolverem estas questões”, remata.
As eleições Europeias em Portugal decorrem no próximo dia 26 de Maio.
Áudio:
Sofia Colares Alves considera que a campanha para as Europeias é manchada pelas “rixas entre partidos”
