Prémio Sakharov atribuído ao uigure Ilham Tohti

O Parlamento Europeu atribuiu esta quinta-feira o Prémio Sakharov dos Direitos do Homem ao intelectual uigure Ilham Tohti, condenado a prisão perpétua na China por “separatismo”. A atribuição do prémio poderá irritar Pequim.
A candidatura de Tohti ao galardão, que distingue “uma contribuição excecional à luta pelos Direitos do Homem no mundo”, foi sugerida ao Parlamento Europeu pelo grupo liberal Renew Europe (Renovar a Europa).
Antigo professor de Economia numa Universidade de Pequim, Ilham Tohti foi condenado em 2014 pela justiça chinesa à pena perpétua acusado de “separatismo”, num processo que suscitou críticas severas por parte de governos estrangeiros e de organizações de defesa dos Direitos Humanos.
Ilham Tohti pertence à etnia uigure, maioritariamente muçulmana, e a população maioritária de Xinjiang, uma vasta região do nordeste da China, com uma longa história de contestação ao domínio de Pequim.
Processo em 2014
Durante anos, os atentados sucederam-se na província, aCtualmente dominada por uma controle militar drástico. Pequim considera Tohti, o académico uigure mais proeminente, um dos rostos dessa violência, que classifica de terrorismo.
Ilham Tohti sempre foi frontal nas suas críticas à política oficial chiensa em Xinjiang. Inicialmente foi detido por “suspeita de infringir a lei”.
Em 2014, no início do processo levantando contra o professor universitário, a sua mulher, Nu’er, afirmou à Agência Reuters não ter notícias do marido e estar sob prisão domiciliária, com única autorização de, sob vigilância apertada, levar e trazer os filhos à escola.
Prémio Václav-Havel
No final de setembro, Ilham Tohti já tinha sido agraciado com o Prémio Václav-Havel, atribuído pelo Conselho da Europa – uma instituição diferente da União Europeia, encarregue de promover a democracia e dos Direitos Humanos.
Na altura, a diplomacia chinesa reagiu com irritação, condenando a atribuição do Prémio.
“Brandindo o pretexto dos Direitos Humanos e da liberdade, [o Conselho da Europa] branqueia um separatista que apoia a violência e o terrorismo”, criticou.
Entre os restantes finalistas do Prémio Sakharov, incluíam-se duas jovens raparigas quenianas que combatem a excisão, e três personalidades brasileiras que defendem as minorias e o ambiente, incluindo o chefe índio Raoni, conhecido pela defesa dos povos indígenas ameaçados pela deflorestação.
RTP
