Projecto destinado à comunidade cigana “aumenta sucesso escolar”

Os resultados nacionais do projecto “RISE – Roma Inclusive School Experiences” demonstram que existe uma ligação mais forte entre alunos ciganos e não ciganos e que há maior produtividade escolar. Os dados vão ser apresentados esta terça-feira, a partir das 9:30, no Auditório Multimédia do Instituto de Educação da Universidade do Minho.
A “Conferência RISE”, que conta com a presença de Cláudia Pereira, secretária de Estado para a Integração e as Migrações, pretende dar a conhecer as conclusões das experiências escolares inclusivas de crianças e jovens ciganos. O projecto financiado pelo programa Direitos, Igualdade e Cidadania da Comissão Europeia decorreu nos últimos dois anos em Itália e na Eslovénia, sendo que em Portugal foi dinamizado no Agrupamento de Escolas de Vila Verde.
Segundo Maria José Casa-Nova, coordenadora do “RISE” e do Observatório das Comunidades Ciganas, o modelo utilizado beneficiou os alunos. “Precisamos de falar em aprendizagem e ensino porque quando falamos em ensino e aprendizagem o cerne está no professor. Quando falamos em aprendizagem e ensino, o cerne está no aluno”, explica.
A investigadora acrescenta que, através desta “construcção conjunta”, em que “o protagonista principal é o aluno”, as “aprendizagens são muitíssimo mais interiorizadas”. Destaca que com este modelo “o absentismo diminuiu e aumentou o sucesso escolar”, além de terem sido fomentadas “relações de sociabilidade entre crianças ciganas e crianças não ciganas”.
As experiências tiveram também como alvo os encarregados de educação, levando “os pais ciganos para dentro da escola” e incentivando-os a “irem às reuniões que os professores realizaram”. Ao mesmo tempo, na escola, entre os alunos ciganos e não ciganos, houve “o desenvolvimento de actividades para que estas duas culturas se conhecessem efectivamente”, de forma a “ajudar a desconstruir esteorótipos que existem de parte a parte”.
“Estamos a viver um ponto de viragem”
Apesar de os preconceitos ainda existirem, Maria José Casa-Nova considera que se está a abrir um novo paradigma na sociedade. “Estamos a viver neste momento um ponto de viragem, em que há várias políticas públicas relativamente à educação escolar, nomeadamente, por exemplo, a nível do ensino secundário, com uma política para incentivar os jovens ciganos a continuarem na escola com bolsas de estudo”, analisa.
A investigadora enaltece que actualmente há mais de 70 jovens ciganos a frequentarem o ensino secundário em Portugal e que existem também já um número considerável com passagem pelo Ensino Superior. “Está a haver uma abertura que é mútua e esta relação de desconfiança está gradualmente a ser desconstruída”, finaliza.
