PS desafia Igreja a provar que é dona de terrenos do bairro

Continuam as dúvidas quanto à propriedade do terreno onde foi construído o bairro do Picoto. Esta segunda-feira, na reunião de câmara do executivo bracarense, Ricardo Rio e Artur Feio voltaram a manifestar opiniões contrárias sobre a propriedade do terreno que a igreja diz ser seu, mas que o PS desmente, remetendo para um acordo firmado no tempo da gestão de Mesquita Machado. Na última reunião de câmara a autarquia disponibilizou vários documentos à vereação socialista, mas a interpretação entre as duas partes é distinta.

Artur Feio refere que “é mais uma trapalhada” da actual gestão camarária e que os documentos disponibilizados confirmam o que o PS já dizia. Por seu turno, Ricardo Rio disse nem entender “a discussão” que não passa de “absoluta má fé dos vereadores do PS que estão a acusar a Arquidiocese de estar a tentar receber duas vezes pelo mesmo terreno”.

“Que [a Arquidiocese] faça prova que os terrenos são seus. Este assunto existe porque nunca a Arquidiocese conseguiu fazer prova”, atirou o socialista. Artur Feio refere que o acórdão atesta o não reconhecimento dos terrenos à arquidiocese e diz que Mesquita Machado terá sido contactado, por carta, “para juntar informação que tenha ao dossier”.  “Ele não veio embora com documentos da CMB”, disse Artur Feio. O vereador socialista apela ao “bom senso” e sugere que o município “chame as partes”, acusando ainda Ricardo Rio de não gostar de ser confrontado com estas questões.

Artur Feio refere que os documentos “provam que a arquidiocese aceitou o acordo” e que “o loteamento é feito com base nesse pressuposto”. “Se não concretizou, tem que explicar porquê”, acrescentou. Os socialistas referem ainda que face à degradação do bairro do Picoto e às condições das pessoas que ali residem, “do ponto de vista social os terrenos deviam ser entregues pela Arquidiocese ao Município de Braga”.


“É uma discussão de absoluta má fé dos vereadores do PS”, lamenta Ricardo Rio

Para o autarca de Braga a insistência dos vereadores do PS sobre esta questão tornaram o assunto “surreal”. “Eu não percebo o âmbito desta discussão, é uma discussão de absoluta má fé dos vereadores do Partido Socialista que estão a acusar a Arquidiocese de estar a tentar receber duas vezes por um terreno que, dizem eles, não lhe pertence e eu não tenho que fazer a defesa da honra da arquidiocese, tenho que cumprir com o que estava deliberado pela Câmara Municipal de Braga”, explicou, acrescentando que “a câmara não tem nenhum título de posse”, situação comprovada com a impossibilidade de submeter a reabilitação do bairro do Picoto a candidaturas a fundos comunitários.

O presidente do município de Braga recordou outros contornos do processo, já nos últimos anos de Mesquita Machado à frente da Câmara de Braga, e a sua entrada, em 2013. “A CMB resolveu implantar acessos rodoviários  numa rotunda em cima do terreno que ia ser entregue à Igreja para pagar o terreno do Monte Picoto”, denunciou Ricardo Rio. Entretanto, com a sua chegada em 2013 a Igreja encetou comunicações com a autarquia para explicar que, tendo o município optado por um nó rodoviário naquele terreno, a Arquidiocese ficaria com o resto e a CMB pagaria a diferença. “As primeiras trocas de comunicações com a Igreja eram para discutir quanto é que a câmara ia pagar pela parte que estava ocupada pela rotunda e pelos acessos rodoviários”, explicou.


*Com Elsa Moura

Áudio:

Artur Feio e Ricardo Rio continuam a divergir nas posições sobre a propriedade do terreno onde foi construído bairro do Picoto

Liliana Oliveira
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