PS e CDU criticam referendo para alienação do estádio

Os vereadores do Partido Socialista e da CDU estão contra o anúncio da realização de um referendo local para a alienação do Estádio Municipal de Braga. A decisão revelada esta segunda-feira pelo presidente da autarquia em conferência de imprensa surpreendeu os vereadores sem pelouro, que minutos antes, na mesma sala, questionaram Ricardo Rio sobre a penhora das contas municipais por parte do consórcio. O presidente explicou o que aconteceu, sem nunca revelar que pretendia lançar um referendo popular.

Contactados pela RUM, Artur Feio e Carlos Almeida dizem discordar em toda a linha da realização de um referendo local e critica ainda o facto de o presidente do município não ter antecipado minutos antes essa mesma decisão a todos os vereadores.

“Quer colocar a cidade a dizer se quer ou não o SCB dentro do estádio e em Braga”, avisa Artur Feio, do Partido Socialista

Artur Feio não acredita que este seja o caminho. Os socialistas consideram que Ricardo Rio “coloca nas costas dos bracarenses uma decisão que é política. Quer escudar-se de uma decisão que deve ser sua”, atirou o vereador. 

“Vai colocar toda a cidade a dizer se quer ou não o SCB dentro do estádio e dentro da cidade? Recordo que António Salvador apresentou um conjunto de investimentos na academia e junto da academia e disse, nessa altura, que se o SCB não servia à cidade, sairia da cidade”, lembrou o vereador socialista.

Os socialistas vão mais longe e dizem que Ricardo Rio não quis fazer um referendo sobre a alienação da Confiança. Ainda que a proposta constasse do programa eleitoral da coligação Juntos por Braga em 2017, Artur Feio alerta: “quando votamos em alguém não concordamos com todas as medidas que estão no programa eleitoral”.

“Não vejo que resultados práticos isso possa ter. Se votarem “não” será uma derrota política para Ricardo Rio. Se votarem “sim” à venda, que sentido faz ter uma Academia, o investimento que o clube fez, quando o estádio pode no futuro nem ser utilizado pelo próprio clube? O que é preciso é rentabilizar o estádio, estudar outros planos”, defendeu o socialista.

“Anúncio não passa de uma manobra de diversão”. Mesmo com um sim, “não vão encontrar uma solução”, defende Carlos Almeida, vereador da CDU

Carlos Almeida afirma que um referendo local “não vai resolver problema nenhum e não vai fazer o tempo voltar atrás, até porque o acto que levou à situação actual foi uma decisão política do PS no passado e que contou com o voto da direita”. Considerando que foi um acto de “irresponsabilidade” que o executivo da altura colocou em prática, o vereador da CDU diz que Ricardo Rio quer agora “imputar a responsabilidade para outros, colocando a decisão na mão dos munícipes como se fossem estes que tivessem de resolver directamente o problema”.

O vereador da CDU diz que é importante “apontar os responsáveis que tomaram a decisão do passado”. 

“Não quero acreditar que quando tomaram esta decisão não tivessem de encontrar uma solução para o rentabilizar. Não sabiam que tinha custos de mantenção? Não sabiam do valor da renda mensal? Sabiam de tudo isso e foram aprovando, chegando até esta situação absolutamente incomportável”, acusou.

Carlos Almeida afirma que mesmo que os bracarenses concordem com a alienação do estádio municipal, o município “não vai encontrar uma solução financeira”.

“O maior erro do estádio foi a sua construção”, diz Carlos Almeida

“Este estádio está a ter um uso para o qual foi construído, está cedido por um contrato estabelecido, que não mereceu a concordância da CDU, mas que mereceu a concordância da coligação na altura. O contrato podia ser revisto. Podemos perguntar porque é que em quase seis anos de governação, esta maioria ainda não tomou nenhuma iniciativa nesse sentido. O valor da renda é irrisório, a CMB devia renegociá-lo e até hoje nunca o fez”, denuncia Carlos Almeida que considera mesmo que “o maior erro do estádio foi a sua construção”.

Ricardo Rio guardou anúncio para a comunicação social. PS e CDU falam em falta de respeito

Os vereadores do PS e da CDU criticaram ainda Ricardo Rio por deixar um assunto tão sério para anunciar numa conferência de imprensa quando minutos antes esteve com todo o executivo municipal.

“Guardar para uma conferência de imprensa um assunto tão sério, quando minutos antes tínhamos estado reunidos e onde foi discutida a questão das contas penhoradas, seria de bom tom que Ricardo Rio colocasse o assunto em cima da mesa”, considerou Artur Feio.

O vereador da CDU, Carlos Almeida, diz que a atitude”não fica bem e revela uma falta de consideração por todo o executivo municipal”. 

“Seria normal que o presidente tivesse revelado aquilo que minutos mais tarde ia anunciar. Não fica bem. A atitude fica com quem a pratica, mas esperávamos da parte do presidente do município um reconhecimento e uma consideração bem superior àquela que manifestou com aquela atitude. Honestamente, não é a primeira vez que acontece algo do género”, denunciou o comunista.