“Quando os meus filhos defrontam o ABC sou do Arsenémico”

Vestiu a camisola do ABC/UMinho pela primeira vez na época 1985/1986, dez anos depois de fazer a estreia pela Selecção Portuguesa de Andebol. Chegou a Braga com um currículo feito de Académico do Porto, Sporting CP, FC Porto e dezenas de internacionalizações pela equipa das quinas. Em 1992 pousou as sapatilhas de salão e começou a sentir o Pavilhão Flávio Sá Leite através da bancada. “E que ambiente!”. No carro está sempre o cachecol, indispensável em dia de jogo. Fernando Areias é homem feito de “sangue amarelo e de fins-de-semana reservados para jogos do ABC.
Muda de clube duas vezes ao longo do ano. Não é um caso em que se possa dizer que “vira a casaca” quando as coisas não correm tão bem ao ABC/UMinho. Os dois filhos jogaram aqui, mas agora representam o rival Arsenal da Devesa. Quando há encontros entre as duas formações é do “Arsenémico”. Jogo algo desconfortável, mas que “tem a vantagem de, normalmente, ser algo desequilibrado a favor do ABC”.
Sentado naquele que para si é o “melhor pavilhão de Portugal”, recorda as glórias do ABC/UMinho, de um clube renascido de uma Liga dos Campeões que “lapidou o restinho de economias que haviam”. Alguma vez pensou ser possível um homem nascido em Guimarães “andar de carro dos bombeiros pela cidade de Braga a festejar o campeonato” conquistado ao serviço dos academistas? Ou deambular pelas ruas e ser acarinhado pelos bracarenses “como fosse um jogador de futebol”?
Nas paredes do Sá Leite há como que uma cronologia dos triunfos e dos atletas que por lá passaram. Na rouparia, entre máquinas de lavar e cestos com calções, as paredes estão forradas com histórias do clube. Neste espaço, “até a música é boa” -tocava “Dunas”, dos GNR.
