Regionalização merece consenso dos autarcas a Norte

Voto nacional, contabilizado por regiões. É esta a sugestão de Rui Moreira para a regionalização. Um pensamento reforçado por Paulo Cunha. O tema regionalização merece o consenso a Norte, já que Rui Sousa e Álvaro Amaro também estão disponíveis para esta nova realidade.
Em Portugal “toda a gente quer descentralizar”, mas o país “está cada vez mais centralizado”
Em Portugal “toda a gente quer descentralizar”, mas o país “está cada vez mais centralizado”. Começou por dizer Rui Moreira.
O autarca do Porto sugere o voto nacional mas com regras diferentes das de 1998, que acabou com a vitória do “não” à regionalização.
“O cidadão já percebeu no que é que acha que o presidente da Câmara devia mandar e o presidente da Câmara não manda. Basta isso. Isso é a inteligência do cidadão. O limite dos poderes do autarca estão bem definidos, as pessoas na rua sabem, só não sabe a lei, só não sabe o parlamento, não sabe o modelo politico”, disse Rui Moreira, em jeito de crítica aos partidos e ao poder politico para ainda não ter sido feita a regionalização.
“Como o poder político nacional abdicou de parte dos seus poderes de soberania a favor da União Europeia, não quer também ter que largar outro a favor do poder autárquico, é esta a razão”, complementou.
“Terão que ser 5 as regiões, porque temos as NUTs”, relembrou Rui Moreira. “Da maneira que foi feito o último referendo bastaria que uma região não quisesse para impedir que as outras fosse. Eu inverteria o modelo: Se dentro de uma região os cidadãos, maioritariamente, disserem que querem a regionalização essa avança e os outros não avançam”.
Para o portuense, “não deve ser por veto”. Para que fosse “mais democrático”, deveria “haver um referendo nacional, mas contar o voto por região”, sugeriu Rui Moreira.
Uma posição que merece o apoio do presidente da Câmara de Famalicão, Paulo Cunha, que também defende um referendo nacional, com uma contagem de votos regional.
“Acham correcto que se pergunte aos alemães o que se deve fazer em Portugal?”
“O referendo é nacional, as 5 regiões são referenciadas todas ao mesmo tempo mas os resultados devem ser região a região e acho legítimo que o país possa andar a diferentes velocidades. Nos vivemos numa Europa que também anda a diferentes velocidades”, asseverou Paulo Cunha.
O social democrata reafirma ser um acérrimo defensor da regionalização, não achando pertinente “perguntar a Lisboa o que pensa sobre a região Norte”. “Imagino que Lisboa, no mínimo, lhes seja indiferente haver ou não uma região Norte. Agora, se perguntarmos às pessoas que vivem nos 86 concelhos do Norte o que pensam sobre a região a resposta será diferente”, alertou.
“Acham correcto que se pergunte aos alemães o que se deve fazer em Portugal?”, questionou o autarca famalicense. Paulo Cunha diz-se convicto de que “a regionalização é claramente um passo no sentido da evolução e do aprofundamento da democracia em Portugal, que vai trazer um maior retorno aos portugueses”.
“Espero que o PS tenha coragem para agarrar esta bandeira”
Rui Sousa, presidente da Câmara de Vila Real, que aceitou o pacote de competências sugerido pelo governo, assume-se como “um regionalistas convicto”. O autarca mostra-se “disponível para participar e ajudar a que na próxima legislatura essa realidade possa acontecer em Portugal”. “Espero que o PS tenha coragem para agarrar esta bandeira”, apontou.
Já Álvaro Amaro, autarca da Guarda, considera que a regionalização pode diminuir os custos do Estado. “Sou um regionalista convicto, acho que a melhor maneira que temos para a defender é contribuir para que quando houver este debate ele esteja limpo de demagogia”, alertou. Para Álvaro Amaro a regionalização “não é um peso financeiro para o Estado, diminui, até, os custos do Estado para exercer as competências”.
A regionalização foi motivo de consenso entre os quatro autarcas.
Paulo Cunha e Rui Moreira defendem um referendo nacional, com contagem de votos a nivel regional.
Áudio:
Rui Moreira, Paulo Cunha, Rui Santos e Álvaro Amaro a propósito da regionalização
