Rosalía, a voz do novo flamenco, em entrevista à RUM

Depois de marcar presença no último Primavera Sound Barcelona ou no Festival Internacional de Jazz de Montréal, Rosalía e Raül Refree chegam a Braga para concerto único dia 22, sexta-feira, tratando-se da primeira visita a Portugal.

“Los Angeles” é o disco de estreia de Rosalía Vila, catalã, 23 anos. O flamenco revigorado por esta cantora que não acredita em géneros mas em artistas. Apesar das dificuldades técnicas, a RUM conseguiu uma breve entrevista telefónica com a artista.

Rosalía, será a tua primeira actuação em Portugal, estiveste há pouco tempo em palcos como do Primavera Sound Barcelona e também no Festival de Jazz de Montréal, já vais colecionando grandes momentos por todo o lado…

Sim, na verdade temos a sorte que este projecto “Los Angeles” tem tido muita aceitação não só em Espanha. É um luxo termos estado em festivais como o de Montréal e o Primavera Sound, como disseste. São festivais de referência, com músicos que admiro e poder partilhar o cartaz com esses nomes é uma honra.

Rosalía, como anda o flamenco hoje em dia?

Eu creio que o flamenco está a passar um momento muito bom, no qual convivem muitas propostas distintas. Há artistas que estão a propor novas visões, mas também há muitos músicos que preservam a tradição para que ela não se perca. É exactamente um bom momento por isso – convivem, de uma maneira bastante saudável, posições distintas.

Também ouvias flamenco quando eras pequena? O que te atrai no flamenco?

Eu escutei pela primeira vez flamenco, aos 13 anos, na rua com os meus amigos. Não é que nunca ouvíssemos flamenco em minha casa, quando era pequena. Mas foi na rua, com os meus amigos, pelos 13 anos, que me dei conta que era uma música com muitíssima carga emocional e expressiva, que requeria um grande esforço interpretativo por parte de quem se dedica a este género musical. Isso emocionou-me muito e quis investigar. Desde que o descobri, ainda não parei de investigar.

Sim, tens as tuas investigações pessoais mas partilha-as com Raül, teu amigo e cúmplice. Como surgiu esta relação?

Conhecemo-nos há uns 4 anos através de um amigo em comum. O Raül foi parte indispensável para desenvolver um projecto como “Los Angeles”. Foi um trabalho bastante partilhado em todos os momento. O Raül é um músico que dá muita liberdade, é muito criativo e que faz as suas investigações nos mais variados géneros. É também aqui que encontramos algo em comum – na forma de entender a música.

Li algures uma afirmação tua dizendo “fizemos um álbum triste”. Foi vossa intenção desde o início, ou no fim do processo repararam que tinham em mãos um “álbum triste”?

Sim, acho que foi quando terminámos que nos demos conta que o álbum tinha essa cor. Quando começamos todo o processo de criação do disco, havia um conceito claro: a morte. Tínhamos em mente seguir esta linha, mas não tínhamos um grande plano de como abordar este tema. Quando terminámos o processo é que vimos a cor que o disco adquiriu. E sim, tem uma carga triste, mas creio que é também um disco que tem muita força, que é visceral, que tem luz, não é só melancólico e obscuro.

Sim, verdade. As canções mais antigas, (que de tão antigas já não têm dono) servem melhor este conceito?

Eu fiz uma investigação sobre “el cante”. “El cante” é material popular, tradicional espanhol. Dentro dele há muitas temáticas, fala-se do espiritual, do mundano, do amor, do desamor, e também da morte. Procurei durante 2 anos por poemas e “cantes” completos onde tratava este tema da morte. Foi um desafio abordar a morte dentro dos “cantes” distintos que seleccionámos para trabalhar no disco porque cada um tem as suas características muito próprias. 

Sara Pereira
Sara Pereira

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