Sabe o que é a Úlcera de Buruli?

Úlcera de Buruli é uma doença infecciosa pouco conhecida que afecta sobretudo populações de África e da Austrália. Devido à falta de respostas dentro da comunidade científica para esta patologia, o estudante de doutoramento da Escola de Medicina, João Fevereiro, decidiu começar a analisar o tema que está esta noite em destaque no programa sobre ciência da RUM, UM I&D.
Como é transmitida a Úlcera de Buruli?
A patologia provocada pela bactéria mycobacterium trata-se de um “parente distante do agente causador da tuberculose”. A Úlcera de Buruli pode ser contraída através do “meio ambiente”, normalmente, perto de locais aquáticos ou através de insectos aquáticos. Afecta predominantemente a pele podendo em casos extremos chegar ao osso”. No caso da Austrália, João Fevereiro adianta que existe a probabilidade da doença ser transmitida via insectos, no entanto essa premissa “não é consensual em África”.
Quais os primeiros sintomas?
Segundo o investigador do ICVS, tudo começa com um “papinho endurecido”, mais conhecido como nódulo, que vai crescendo de forma lenta “até criar uma úlcera, ou seja, uma ferida”. Para além da bactéria da úlcera de buruli “destruir as células”, ela também é responsável pela “inibição da dor”. Ora, deste modo a lesão vai se propagando e em casos mais severos pode atingir metade do tronco ou uma perna inteira. Caso a bactéria chegue ao osso pode ser necessário amputar o membro.
Existe tratamento para a Úlcera de Buruli?
A resposta é que sim, existe. Porém, os tratamentos que são feitos com base em antibióticos são longos podendo durar até dois meses. Em 20% dos casos o tratamento pode falhar. João Fevereiro frisa que 1 em cada 5 pessoas durante a terapia podem, mesmo assim, ver a doença progredir.
Descobertas da UMinho
Em declarações à Universitária o investigador sublinhou o facto de “nos últimos anos a doença ter aumentado de proporções, principalmente, na Austrália”. Neste momento os investigadores ainda não têm uma resposta concreta para este fenómeno, mas tudo indica que possa estar ligado ao aumento de construções de barragens, a distúrbios ambientais.
Quanto às descobertas feitas pelo investigador da UMinho, estas recaem sobre a possibilidade de utilizar a vacina da BCG para prevenir a Úlcera de Buruli. Além disso, João Fevereiro anuncia que é provável que a genética e historial familiar possam contribuir para uma maior susceptibilidade de contrair a doença. Risco esse que é agravado no caso do indivíduo ter “um sistema imunitário comprometido”.
Dar nota que existem casos de Úlcera de Buruli na Europa, nomeadamente, em países francófonos devido a um maior contacto com países africanos.
