Salários em atraso e assédio moral na Concentrix

O Sindicato de Trabalhadores de Call Center (STCC) convocou uma greve para esta terça-feira, junto à empresa Concentrix, no Edifício da Estação, em Braga. Esta manhã, no local, encontravam-se perto de meia centena de trabalhadores mas os números oficiais da adesão ainda não são conhecidos.


Apesar de aparentemente a adesão não ter sido elevada, Nuno Geraldes, responsável do STCC e trabalhador da Concentrix, diz que a convocatória do protesto é válida, atendendo ao facto de ser a primeira greve convocada pelo Sindicato. 


“Há linhas quase inteiras a fazer greve mas só mais tarde é que teremos um número oficial. Mas para a primeira greve que existe neste call center, e com o medo que existe dentro deste tipo de local de trabalho, acho que só a adesão das pessoas e o darem a cara já é um sinal de vitória”.



Na base do protesto estão inúmeras reivindicações: entre salários em atraso, despromoções injustificadas, trabalhadores em burnout , assédio moral e sexual, os trabalhadores queixam-se da ausência de abertura da Concentrix para conhecer e discutir os problemas. Nuno Geraldes refere que o protesto de hoje já abriu uma janela a negociações: “A empresa não queria discutir os problemas de modo sério até esta greve acontecer e isso pelo menos já foi conseguido”, revela, ainda que nada, até agora, tenha sido efectivamente negociado.


A Concentrix, que emprega perto de 500 trabalhadores, contrata através de duas empresas de trabalho temporário, a Randstad e a Manpower, que Nuno Geraldes acusa de “seguirem cegamente aquilo que o cliente diz, sendo legal ou não”. Quanto à Concentrix, o “esquema de outsourcing serve para tirar a água do capote”. 


Agressão e suspensão injustificada


Sofia Miranda é funcionária da Concentrix há três anos. Em julho passado, diz, foi agredida por um colega dentro do local de trabalho. Após o episódio, foi suspensa e desde setembro que não trabalha. Sofia não percebe o motivo da suspensão e diz que a sua situação “é ilegal”. “Já perguntei porque é que estou suspensa e ainda estou à espera [da razão]. Pela lei, um trabalhador não pode ficar suspenso mais de um mês e eu já estou desde setembro”.

Sofia afirma que apesar do seu episódio com um colega, o ambiente entre funcionários é positivo mas acusa os superiores de pressão constante. “Durante o trabalho, obrigam-nos a desligar as chamadas porque estamos há muito tempo [em chamada], não podemos ter mais de 10 minutos, durante o dia, para ir à casa de banho ou tomar café – se excedermos esse tempo já estamos a ouvir -. Há uma pressão constante dos superiores.”

Áudio:

Nuno Geraldes, do Sindicato de Trabalhadores de Call Center, e Sofia Miranda, trabalhadora da Concentrix, falam sobre o ambiente vivido na Concentrix.

Pedro Magalhães
Pedro Magalhães

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