Semana Santa de Braga e a “esperança” na tradição renovada

É com a “esperança” como nota de fundo que foi apresentada a Semana Santa de Braga de 2018. O evento, que se assume como um ex-líbris da cidade, apresenta-se com tradição renovada e com vontade de dar maior destaque e dinamismo a uma celebração religiosa secular e com uma identidade muito vincada.

Voltam a ser esperados milhares de devotos e visitantes nas ruas da cidade ao longo de vários dias, com o destaque a centrar-se nas procissões na semana que antecede a Páscoa, onde são esperadas cerca de 300 mil pessoas.

O cónego Luís Rodrigues, presidente da Comissão da Semana Santa, explicou que “a celebração da Quaresma e Semana Santa é um convite à esperança, a partir da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo”. “Com o que fizermos e com a qualidade, dinâmicas e sinergias que promovermos, se formos capazes de ajudar aqueles que interagem connosco a viver com mais esperança a sua vida, já cumprimos a nossa missão. A Semana Santa tem de ser um ícone de esperança para nós e para os que nos visitam”, sublinhou.

“A Semana Santa vive de tradições e a tradição ou é renovada todos os anos ou cai num tradicionalismo que é a dimensão pejorativo da tradição”, evidenciou o responsável.

Mais eventos destacados em cartaz

O programa oficial arranca já a 14 de Fevereiro com a abertura do Lausprene Quaresmal e o cónego Luís Rodrigues deu conta que as novidades deste ano passam pela apresentação da “Paixão, segundo S. João”, do compositor contemporâneo Arvo Part, na capela Imaculada, e um concerto de Pascoela pelos Portuguesa Brass. “São dois momentos que acrescem em qualidade aos restantes momentos que já temos”, destacou.

O responsável pelas celebrações aludiu ainda à apresentação da Via-Sacra, a 21 de Março, pelos utentes e colaboradores do Centro de Apoio e Reabilitação de Pessoas com Deficiência da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde. Neste ano de 2018, a Comissão da Semana Santa deu destaque aos Compassos Pascais, um momento familiar, mas com muito significado religioso e “que se pretende potenciar”.

Ricardo Rio deixa apelo a empresários locais para financiar este tipo de iniciativas

Este evento tem um forte impacto na economia local e Ricardo Rio, autarca de Braga, frisou isso mesmo na cerimónia de apresentação da Semana Santa. O edil recordou que este tipo de iniciativas “trazem a Braga milhares e milhares de pessoas e geram retorno para o comércio”. Assim, Ricardo Rio lançou o repto para que os proprietários “devolvam uma pequena parcela do ganho deste investimento colectivo a estas realizações que carecem de um financiamento mais directo”. “Não estamos à espera que financiem actividades da Câmara Municipal, mas no que diz respeito à Semana Santa ou ao S. João esse financiamento era bem-vindo”, explicou.

Já Melchior Moreira, da Entidade de Turismo Porto e Norte, identificou a Semana Santa como sendo “um evento diferente, sendo uma marca que perdura secularmente”. O responsável deu conta de um ano de 2017 “de muito sucesso para o turismo da região”, destacando neste campo o contributo da Semana Santa para o aumento dos números turísticos registados, colocando Braga como o segundo pólo de atracção turística da região.

Também Domingos Macedo Barbosa, presidente da Associação Comercial de Braga, frisou este retorno económico visível para a cidade, deixando a garantia que os agentes económicos locais “devem tirar partido do evento adaptando a sua oferta aquilo que o visitante procura”.

Parceiros e promotores desta celebração religiosa são a Irmandade de Santa Cruz e Misericórdia que, através dos seus representantes, Luís Rufo e Bernardo Reis, respectivamente, referiram-se a esta celebração como sendo um “ex-líbris da religiosidade”.

A Comissão da Semana Santa arranca com um orçamento de cerca de 100 mil euros e espera ainda arrecadar mais financiamento para concretizar as várias iniciativas programadas para este ano.

O programa conta com as celebrações religiosas, concertos e espectáculos, exposições e visitas guiadas.