Semana Santa: hotéis esgotam mas chuva dificulta comércio

Por estes dias, no centro da cidade de Braga, confundem-se os idiomas. Vindos de Espanha, Brasil, França e de outras regiões nacionais, os turistas chegam em massa para assistir às celebrações da Semana Santa.
A Páscoa é vivida de forma intensa na cidade, por todo o lado há sinais de um dos momentos emblemáticos da religião.
A fé, a crença e a devoção alinham-se numa cidade que é, para muitos, ponto de paragem obrigatório no mapa do turismo religioso.
Em 2018, o impacto na economia local rondou os 15 milhões de euros. Este ano, dizem os comerciantes, será precisa uma ajuda do S. Pedro.
A RUM fez um roteiro por alguns dos estabelecimentos comerciais bracarenses para perceber o que espera o negócio local desta época festiva.
“Ao longo dos últimos anos somos visitados por mais turistas”
Paramos no café mais emblemático da cidade, “A Brasileira”. Com 111 anos de historia, é quase um ponto turístico bracarense. O burburinho das chávenas e as conversas paralelas já nos deixam antever um bom dia. Pouco passava do meio-dia e o café estava praticamente cheio.
Carolina Pinheiro, responsável pelo estabelecimento, diz-se optimista para uma das semanas mais concorridas do ano. Mas, alerta, “depende muito das condições atmosféricas”. “Se tivermos um tempo maravilhoso temos muito turismo, se estiver mais chuvoso já não acontece em massa”, reforçou.
As procissões, refere, são um chamariz, principalmente para os espanhóis, que não perdem a oportunidade de provar “a especialidade da casa, o café de saco”.
“Temos notado que, ao longo dos últimos anos, somos visitados por mais turistas”, garantiu a responsável.
Além de espanhóis, também chegam muitos brasileiros, curiosos por conhecer “a história” e não lhes passa ao lado “o mobiliário e os moinhos, que moem ainda o café de saco”. “Os espanhóis querem levar sacos de café”, disse ainda Carolina Pinheiro.
N’A Brasileira, só o Natal e o verão se comparam à Semana Santa, que, ainda assim, “costuma ser bastante diferente”.
Descemos a rua, viramos à esquerda e acabamos por entrar no restaurante Palati, ali nas imediações da Sé de Braga.
O bacalhau, prato tradicional da cidade, e as tapas que compõe o menu são os partos de eleição de quem chega de outras regiões.
Diogo Pinto, responsável pelo restaurante Palati, diz que, em consequência do “mau tempo”, “o movimento foi um bocado mais fraco, esta semana”. Mas está confiante que vá aumentar com a Semana Santa. “Esperamos uma semana muito boa, com casa cheia”, afirmou.
Os clientes chegam sobretudo de Espanha e Brasil, de faixas etárias mais elevadas. E chegam não apenas para a Semana Santa, mas também para a Braga Romana.
Voltamos a descer a rua e vamos vendo as montras das lojas do centro aprumadas com lembranças da cidade dos arcebispos. Paramos na Casa Sta. Maria de Braga, mesmo ali ao lado da Sé, onde Maria Maia dá conta do ligeiro aumento das vendas. “As vendas têm corrido mais ou menos, os turistas só levam postais e ímanes”, justificou a proprietária.
Unidades hoteleiras lotadas
Em média, esta semana a taxa de ocupação hoteleira ronda os 85%. Mas entramos em algumas unidades hoteleiras que já estão lotadas.
Na Guest House da Sé, que abriu as portas a 8 de Abril, já não há espaço para mais turistas. A gestora, Daniela Alves, confirma a “lotação esgotada, tanto na semana anterior como esta”.
Com nove quartos, que acolhem 22 pessoas, os hóspedes são sobretudo “portugueses, espanhóis e alguns ingleses, entre os 45 e os 50 anos”.
“Noto, a cada ano que passa, que a afluência de visitantes é cada vez maior”, garantiu.
Há algumas “actividades ao longo do ano na cidade” em que se “nota uma afluência muito grande, mas, sem dúvida, que a semana da Páscoa é uma diferença abismal”, acrescentou Daniela Alves.
Também o Hotel Dona Sofia conta “com uma taxa de ocupação de 85%, embora o tempo não esteja a ajudar muito e já se prevejam alguns cancelamentos”, explicou a chefe de recepção Manuela Silva.
Cerca de 70 hóspedes, por dia, são esperados nesta unidade hoteleira, sendo que na Sexta-Feira Santa a casa está “completamente lotada”.
Aqui, os clientes são particamente sobretudo portugueses, entre os “40 e os 60 anos”.
A Semana Santa é um dos pontos fortes do ano, mas já se denotam “alguns picos, como a Braga Romana, S. João e a Noite Branca”.
Manuela Silva diz ainda que “a Semana Santa tem uma particularidade: esgota o hotel com muita antecedência”. “Cerca de 3 ou 4 meses antes, há dias com uma taxa de ocupação esgotada. A forma como a cidade prepara as procissões e a organização são das coisas que as pessoas mais gostam”, finalizou.
As celebrações da paixão, morte e ressurreição de Cristo atraem, por estes dias, milhares de turistas à cidade. Braga é o ponto de paragem no mapa do turismo religioso.
Áudio:
Reportagem audio
