Já imaginou um tecido que em contacto com suor liberta um odor agradável? É o futuro

Já imaginou utilizar uma t-shirt que quando em contacto com suor liberta um odor agradável? Este género de vestuário funcional pode mesmo vir a ser uma realidade no futuro. Futuro esse que já consta da agenda do Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho (CEB) desde 2014. Filipa Gonçalves, estudante de doutoramento, faz parte da equipa que está a trabalhar nesta investigação. 


Segundo a convidada do UM I&D, entende-se por têxtil inteligente uma matéria, neste caso o algodão, no qual é adicionado um “elemento ou tecnologia que lhe confere uma nova função” para além de vestuário. Esta pode vir a ser uma solução para pessoas que transpiram em demasia. 

O problema não é meramente estético. A transpiração, principalmente devido a stress, pode ser uma adversidade que acaba por afectar a auto-estima dos indivíduos. 

Filipa Gonçalves adianta que o grupo está a modificar algodão. Esse processo é concretizado através da utilização de uma Odorant Binding Protein (OBP), uma “proteína que pode ser encontrada nos narizes de todos os mamíferos”. No caso, os investigadores estão a utilizar a proteína encontrada no nariz do porco. “Nós não andamos a tirar realmente a proteína do nariz do porco. Já temos em laboratório o ADN dessa proteína, o ADN depois é produzido em bactéria”, explica.


A equipa já construiu uma proteína de fusão ligando a OBP com o módulo de ligação à celulose que tem capacidade bifuncional, ou seja, “por um lado liga-se à celulose do algodão e por outro liga-se a fragâncias que são libertadas quando em contacto com suor”. Graças a outros trabalhos realizados no CEB, já é possível escolher o cheiro que o têxtil liberta.


A tecnologia pode ser utilizada em vestuário direccionado para prática desportiva, mas também para roupa interior. Desta forma, através de peças funcionalizadas, os indivíduos podem dizer não a desodorizantes agressivos para a pele e ainda ajudar o Planeta. 

No presente, a investigação ainda está numa “escala laboratorial”, porém, Filipa Gonçalves revela que estão a ser feitos testes para aumentar a resistência dos têxteis às lavagens (por exemplo, na ordem das 20 lavagens). Outra das prioridades passa por diminuir os custos de produção. “Passar de maquinaria laboratorial para o meio termo. Para passarmos para máquinas industriais ainda deverá demorar alguns anos”, refere.

Vanessa Batista
Vanessa Batista

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