Transformação digital pode ser boa mas exige cautela

Carne artificial, robôs ou veículos autónomos. O futuro passa por aqui. No o 1.º DTx Digital Meeting, que se realizou esta quinta-feira, no campus de Azurém, António Cunha, presidente da direcção executiva do DTx e professor da UMinho, falou sobretudo do impacto da transformação digital na indústria e na sociedade.

À RUM, António Cunha explicou que a transformação digital estende-se a vários níveis, desde o biológico à forma como interpretamos a realidade e a natureza quântica da matéria, e, “devido aos cruzamentos que existem entre esses movimentos, pode levar para uma nova revolução científica e uma nova interpretação do mundo”.

No futuro, defende o presidente da direcção executiva do DTx, a inteligência será partilhada com máquinas.

“Podemos esperar um mundo a apelar à dimensão criativa dos humanos, porque a dimensão rotineira será desempenhada por robôs”, começou por dizer. O professor e antigo reitor da academia minhota alertou ainda para um dos novos desafios que é o de termos deixado de ter o monopólio da inteligência, partilhando-a “com máquinas que são capazes de aprender e evoluir”, sendo isto, certamente, uma ajuda, mas que “também vai criar desafios, sobretudo no modo como a sociedade aceita a evolução dessas máquinas”.

As fronteiras para a inteligência artificial, acredita António Cunha, estarão no centro do debate político.

Daqui a 20 anos, ouviu-se na sessão, “o mundo será muito diferente”. Embora pareça difícil, “quase tudo está por acontecer na computação”. Uma evolução que vai tendo repercussões “na forma como nos relacionamos com os dispositivos”.

Tranformação digital pode “colocar algumas pessoas fora da vida activa”

Optimista quanto ao futuro, o presidente da direcção executiva do DTx defende que é precisa cautela. Referindo-se à utilização dos robôs, António Cunha acredita que as máquinas vão fazer actividades que os humanos não podem fazer.

O professor fala de um futuro automatizado e acredita que “esta nova era digital continuará a ser um mundo com muitas oportunidades de emprego, e isso, certamente, pode colocar algumas pessoas fora da vida activa”. Certo é que os empregos do futuro serão diferentes. 

Quanto a mudanças serão muitas e a vários níveis. “A mais prática é a carne artificial. Se em 2050 continuarmos a consumir carne da mesma maneira que consumimos hoje, a Terra não terá capacidade para isso. A quantidade de animais que é precisa e a poluição que esses animais criariam tornaria o sistema insustentável”.

Outro dos passos para o futuro está relacionado com a mobilidade. Em 2020, nas autoestradas alemãs vão já circular veículos autónomos e “em 2025 teremos automóveis autónomos nas estradas”. “Prevê-se uma redução muito grande, pelo menos 30%, do número de veículos a circular, o problema de estacionamento nas cidades vai deixar de existir, uma vez que não precisaremos de parar o carro, ele deixa-nos e vai buscar outras pessoas, isso significa menos veículos e uma redução drástica de acidentes de automóvel”, explicou. A este nível, prevê, “o número de mortes reduzirá num factor superior a mil”. 



DTx procura desenvolver “produtos do futuro”

A conexão do digital e do cerebral, acredita, vai mesmo acontecer. António Cunha defendeu ainda, esta quinta-feira, no campus de Azurém, que a transformação digital é uma oportunidade muito grande para melhorar a nossa qualidade de vida em vários domínios, mas é preciso cautela quanto ao futuro. Também as Universidades vão precisar de adoptar conceitos de ensino diferentes, para se tornarem locais mais atractivas e, perante a concorrência cada vez maior da informação digital, continuar a atrair os alunos. Para isso, serão necessários investimentos nas instalações, para torná-las mais confortáveis.

O DTx, relembra o presidente da direcção, “é um laboratório que trabalha na fronteira da transformação digital , um local onde se pensam os produtos/ serviços do futuro”. “Cada vez mais, cada produto estará ligado, terá um serviço integrado e comunicará com alguém sobre qualquer coisa e são esses produtos do futuro que procuramos desenvolver no DTx”, acrescentou.

Áudio:

António Cunha, presidente da direcção executiva do DTx, a propósito da transformação digital na sociedade do futuro

Liliana Oliveira
Liliana Oliveira

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