Três anos para consulta que devia ser feita em dois meses

Mais de uma dezena de hospitais apresentavam no final do ano passado tempos de espera acima de dois anos para primeiras consultas de especialidade. A 30 de Novembro de 2017, últimos dados disponíveis no portal do Ministério da Saúde, pelo menos 74 consultas espalhadas por todo o país apresentavam prazos médios acima de um ano, o que afectava cerca de cem mil doentes – isto quando os tempos máximos de resposta para uma consulta normal não podem exceder os 150 dias. E destas, em 14 os doentes tinham de esperar mais de dois anos para serem vistos por um especialista. Um dos casos mais sintomáticos é o da consulta de de dermatovenereologia no hospital de Aveiro, que a unidade garante estar agora nos três anos de espera, mas que os dados do ano passado apontavam para os quase 1900 dias, ou seja, mais de cinco anos para uma consulta considerada prioritária, que devia ter resposta em dois meses. Além desta especialidade, ortopedia, urologia ou reumatologia são outras das áreas mais afetadas nos 60 hospitais analisados pelo DN. Falta de profissionais e de vagas são algumas das razões apontadas.
Falta de especialistas
Se dermatologia é a especialidade que apresenta mais problemas – pelo menos 13 consultas literalmente de norte a sul do país têm mais de um ano de tempos de espera -, o hospital de Vila Real destaca-se como a unidade com mais especialidades com atrasos superiores a dois anos: quatro, desde logo com urologia, que em novembro apresentava um tempo de espera médio de 1599 dias (mais de quatro anos), o segundo mais dilatado. O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes não respondeu aos pedidos de esclarecimentos enviados pelo DN, ao contrário do hospital de Braga, que vem em terceiro lugar nessa lista, com os 1075 dias (três anos) para uma consulta considerada normal de genética médica.
Mas também neste caso a administração esclarece que atualmente esse prazo está um pouco abaixo dos dois anos (687 dias). “A redução do tempo médio de resposta para a consulta de genética médica é a prioridade para este serviço e uma das medidas implementadas é o reforço da equipa através da contratação de um especialista”, informa o hospital, que adianta ainda que “o recrutamento está já a decorrer e o desfecho está dependente da conclusão do exame nacional da especialidade de genética médica, que tem apenas três médicos inscritos”. Também nesta especialidade – de prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças de origem genética – “a escassez de especialistas em Portugal é uma realidade que tem dificultado os processos de recrutamento”, argumenta o hospital de Braga, que conclui dizendo que os utentes que aguardam consulta de genética médica estão já a ser acompanhados por médicos de outras especialidades.
Notícia DN
