Um ano depois, PS Braga a caminho de novas eleições

Um ano depois do acto eleitoral, a concelhia do PS Braga está sem presidente. Artur Feio demitiu-se e quer novas eleições. O também vereador na oposição em Braga refere que a demissão visa “responder a constantes imputações de falta de legitimidade” que chegam constantemente de Jorge Faria e da sua equipa, opositora no acto eleitoral realizado no início de 2018.

A equipa liderada por Jorge Faria, que se candidatou também às eleições de há um ano, acusa a lista de Artur Feio de estar a exercer funções de forma “ilegítima”. A queixa de que a lista de Artur Feio não cumpria o regulamento, seguiu para a Comissão Nacional de Jurisdição em meados de 2018, mas  até agora não chegou qualquer resposta. Enquanto isso, Jorge Faria, a cada comissão política “entrega um documento no início a dizer que está na reunião sob protesto porque não reconhece a liderança do partido”. Agora, “o copo encheu”, diz o deputado municipal Pedro Sousa.

“Decisão custosa, mas maturada”

A decisão de Artur Feio e dos membros da sua lista foi “custosa, mas muito maturada”, confirmou esta manhã à RUM, Pedro Sousa. “Desde há vários meses, a lista de Jorge Faria está num crescendo de alguma violência verbal no contexto das comissões políticas, das reuniões gerais de militantes e noutros espaços de discussão do partido com o rótulo da ilegitimidade sobre a actual direcção, que esta direcção é ilegítima e que iriam tomar os destinos do partido”, começa por justificar o socialista. Pedro Sousa refere que uma direcção eleita com mais de 70% dos votos “não pode estar a governar com esse selo e sombra da ilegitimidade” até porque isso “tem peso e causa dificuldades à afirmação e intervenção do partido” em Braga.

A actual comissão política demite-se porque diz não poder continuar à espera de uma resposta da Comissão Nacional de Jurisdição, “sobretudo num ano tão importante como 2019, com eleições europeias e legislativas”. 

“Não temos medo da democracia interna. Esta decisão foi tomada pela maioria dos eleitos na Assembleia e Câmara Municipal de Braga”, vincou Pedro Sousa. 

“Não podemos trabalhar com oposição interna que não tem a responsabilidade de contribuir para a afirmação de um Partido Socialista forte no concelho e que só quer causar ruído e mossa mais internamente do que causar mossa na governança da direita que não se tem revelado muito boa para a cidade em muitas dimensões”, disse ainda o deputado municipal.

“O presidente da concelhia sou eu. Não é necessária nova eleição” – Jorge Faria

Jorge Faria continua a insistir que é o presidente da concelhia do PS de Braga e que Artur Feio não se pode demitir de um lugar que ocupa de forma ilegítima. 

Em declarações à Universitária esta segunda-feira, Jorge Faria diz que a demissão “é uma manobra de Artur Feio que sabe que a Comissão Nacional de Jurisdição vai emitir um acórdão que o faz perder a concelhia de Braga” e que tudo não passa de uma “antecipação” do também vereador. Faria pede à distrital “bom senso” para aguardar pela decisão. “A ser verdade que a decisão é aquela que motivou a demissão de Artur Feio, o presidente da concelhia sou eu, porque eu candidatei-me e tive votos dentro da urna. Eu pedi que os votos em Artur Feio fossem declarados nulos, porque a lista era irregular, portanto, não é necessária uma nova eleição”, reafirmou.

Já quando questionado sobre o que irá fazer caso não chegue a resposta à queixa que apresentou, Jorge Faria não confirma se apresentará novamente uma candidatura. “Num quadro em que as estruturas do PS não respeitam os estatutos, o que é que os militantes  podem pensar relativamente a essas mesmas estruturas? Haverá confiança dos militantes se candidatarem com regras viciadas? Com regras que sabem que lhe vão passar uma rasteira para beneficiar os incumpridores? Este é um caso grave”, atirou

A RUM sabe que a decisão da comissão política não vai resultar no afastamento de Artur Feio que está disponível para se recandidatar. O processo eleitoral deverá acontecer de uma forma relativamente rápida, uma vez que em Maio há eleições europeias.