UMinho debateu “igualdade de género e diversidade”

“Igualdade de género e diversidade em contexto universitário” é o tema da primeira sessão deste ano do Seminário Permanente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (ICS), iniciativa que conta já com dois anos de existência. Esta terça-feira, duas investigadoras apresentaram os seus projectos europeus sobre a temática.
Pela primeira vez, a academia minhota vai reflectir sobre a “igualdade e desigualdade de género no contexto universitário”. A responsável pela organização do evento, Carla Cerqueira, explica que esta temática foi abordada através de “dois olhares” de investigadoras que estão a tentar implementar, no seio das instituições de ensino superior, planos de igualdade de género.
Carla Cerqueira destaca a problemática vivida, por exemplo, nos cursos de engenharias, “onde continuam a entrar mais rapazes que raparigas”. Também na progressão de carreiras são visíveis “tectos de vidro com desigualdades muito marcadas que fazem com que no topo estejam mais homens do que mulheres”.
Conhecer os projectos apresentados
Isabel Ramos é docente na Universidade do Minho e responsável pelo projecto “Igual-IST“. Este começou por analisar a realidade local na academia minhota mas tem-se expandido “para fora dos muros da UMinho”. Neste momento, a docente conta com uma parceria com a Câmara Municipal de Guimarães para estudar esta problemática da “igualdade de géneros”, e, para além disso, o “Igual-IST” está a fazer acções no ensino secundário.
O projecto, que conta com o financiamento do Horizonte 2020, detectou que “em caso de stress económico da família”, são as mulheres que ficam em casa e ajudam nas tarefas”. A investigadora sublinha que o problema da desigualdade de género é de cariz “cultural”, logo é necessário ultrapassar essas “barreiras invisíveis”.
Isabel Ramos explica que o objectivo do Igual-IST é “consciencializar a sociedade sobre este problema”, sendo para isso necessário trazer para o centro da questão homens e mulheres.
“A Universidade é um espelho da sociedade para onde é necessário levar esta consciencialização”, Isabel Ramos.
À frente do projecto Systemic Action for Gender Equality (SAGE) está a professora do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Lígia Amâncio. Esta terça-feira, a investigadora garantiu que é essencial “remover os obstáculos ao recrutamento e à progressão de docentes e investigadores no ensino superior, assim como reforçar a dimensão de género nos programas de investigação”.
De acordo com a docente, é certo que o problema de falta de consciência das instituições em relação a estas desigualdades é, também, por falta de competência para as solucionar. Segundo estatísticas da União Europeia apresentadas pela docente da capital, cerca de 50% das mulheres são doutoradas, no entanto apenas 23% chegam a ocupar lugares de topo, o que representa um problema.
Lígia Amâncio defende que para “atingir uma ciência de excelência é fulcral não desperdiçar inteligência, daí a importância da igualdade de género”. A meta do projecto SAGE passa assim por integrar planos para a igualdade nas instituições de ensino superior, uma vez que, na óptica da investigadora, estas têm como responsabilidade “combater esta assimetria”.
Áudio:
Declarações da organizadora da iniciativa, Carla Cerqueira, e de uma das investigadoras, Isabel Ramos.
