UMinho estuda fatos espaciais para viagem a Marte

Fatos espaciais mais flexíveis e confortáveis é a premissa defendida no novo estudo de Pedro Arezes, professor catedrático da Escola de Engenharia da Universidade do Minho. O trabalho foi publicado na revista científica “Aerospace Medicine and Human Performance”, em co-autoria com cientistas do MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts e da Universidade de Colorado, nos EUA.
Em declarações ao UM I&D, Pedro Arezes explica que o foco deste estudo são as “lesões”, em concreto formas de evitar estes problemas de saúde. Segundo o investigador a maioria dos astronautas sofre de “eritemas, escoriações, fadiga muscular, parestesias (dormência do corpo) , contusões e edemas”. Para além disso, outro dos problemas que afecta grande parte dos astronautas é a Onicólise, o descolamento do leito da unha.
Além dissom devido à falta de gravidade, os astronautas poderem perder até 2% da sua massa óssea.
O que torna estes factos diferentes?
Um dos materiais que está a ser utilizado na “construção” destes novos modelos de fatos espaciais é o “neoprene”, utilizado em desportos como o surf. Pedro Arezes explica que se trata de um material “fino”, logo fica muito próximo do astronauta ao contrário do que acontece com os fatos dos dias de hoje. É “confortável para o utilizador” e “permite a sensorização do tecido”que irá realizar a leitura de vários parâmetros fisiológicos do utilizador.
Recorde-se que a NASA tem na sua agenda a meta de na próxima década levar o homem a Marte. Uma viagem de no mínimo 15 meses, ida e volta. Por esse motivo, torna-se premente encontrar soluções para minimizar, o mais possível, as lesões e problemas de saúde nos astronautas, uma vez que não é possível voltar à Terra a meio deste percurso.
Os fatos actuais contam com 14 camadas. A meta deste grupo de investigadores passa por diminuir este número de forma a baixar o peso dos fatos espaciais. “Pelo menos duas camadas, uma interior que mantém o gás usado para colocar pressão no corpo do astronauta e outra externa que protege o astronauta do meio hostil em que se encontra”, sublinha Pedro Arezes.
Qual o papel da Universidade do Minho nesta investigação?
Pedro Arezes que é também coordenador do Grupo de Ergonomia e Factores Humanos da UMinho afirma que este grupo tem vindo a demonstrar uma “vasta experiência, sobretudo em lesões musculoesqueléticas relacionadas com o ambiente de trabalho”.
O investigador explica que o objectivo passa por fazer uma ponte entre métodos de risco e de prevenção que possam ser utilizados no desenvolvimento dos novos fatos. Um processo que pode levar cerca de cinco a sete anos e conta com um orçamento de aproximadamente 1 milhão de euros.
Áudio:
Parte da entrevista ao investigador da UMinho, Pedro Arezes.
