UMinho recebe primeiro supercomputador do país

O supercomputador, cedido pela Universidade do Texas, em Austin (EUA) e propriedade da FCT, será instalado nos próximos três meses no campus de Gualtar da Universidade do Minho. Será o primeiro supercomputador em funcionamento no nosso país. De acordo com Manuel Heitor, a UMinho foi uma opção do Governo também à conta da vontade manifestada pelo reitor da instituição, António Cunha. “Podia ser noutro sítio, mas o processo de descentralização é obvio. Pareceu-nos particularmente importante deslocar esta estrutura”, disse o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, no discurso após a assinatura do acordo de cooperação tripartido entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia, a Universidade do Texas-Austin e a Universidade do Minho.
O Centro de Computação Avançada do Minho (MAAC), Minho Advanced Computer Center será uma infraestrutura para servir a comunidade científica, bem como o tecido económico com necessidades de recursos em computação de elevada performance para cálculo ou tratamento e análise de dados.
A partir daqui, segundo o governante, “a questão crítica é mobilizar utilizadores para garantir que o país tem a capacidade de usar e aceder às outras infra-estruturas na transformação de digital”. Vai possibilitar às empresas, investigadores e técnicos estarem mais facilmente ligados à rede de supercomputação norte-americana e à rede europeia, através de Barcelona. “Assim conseguimos dar maior centralidade a Portugal”, explicou ainda Manuel Heitor que considera este “um desafio com muitas dimensões”.
“A nossa presença no mundo tem que ser de participarmos activamente em tudo o que de melhor se faz. O que estamos hoje aqui a fazer é particularmente importante para Portugal se afirmar naquilo que hoje de melhor se faz no Mundo”, sublinhou o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
António Cunha, reitor da instituição, assume a importância deste supercomputador que deverá atrair “empresas ligadas às novas tecnologias”. Um centro de ciência e “um espaço de nucleação de nova economia, seja na análise de dados, digitalização de processos”, entre outros. Já o ministro recordou que há muita informação que “não pode ser desperdiçada. Todas as actividades no futuro exigem tratar mais informação. Como é que se gere uma cidade, como é que se gere um hospital, como é que se gere uma floresta, como é que se gerem os incêndios? O desafio é tratar a informação e para isso são precisos computadores potentes”, esclareceu.
O supercomputador engloba “muitas máquinas e micro-processadores” e terá capacidade de desenvolvimento rápido de processos relacionados, “por exemplo com experiências farmacêuticas” ou ainda “fenómenos ambientais como previsão de catástrofes ou a lógica da ‘internet das coisas’. Está tudo ligado e há um volume brutal de informação que precisa de uma capacidade cálculo enorme”, acrescentou António Cunha.
Muitos investigadores portugueses que até aqui acediam a supercomputadores noutras partes do Mundo poderão num futuro próximo passar a utilizar o Centro de Computação do campus de Gualtar.
Os referidos supercomputadores são um pólo de atracção de investigadores e empresas. Mais supercomputação significará também “desenvolvimento económico e científico”, acredita Manuel Heitor. Trata-se de um computador Intel, mas o que se pretende é que diferentes empresas e tecnologias se aproximem. Na presença do director da IBM, o ministro aproveitou para desafiar aquela empresa a utilizar também o referido supercomputador.
António Cunha condecorado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Manuel Heitor teceu rasgados elogios a António Cunha, enquanto reitor da Universidade do Minho, mas também relativamente à sua passagem pelo CRUP, realçando o contributo de António Cunha para a Ciência em Portugal.
O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior aproveitou o simbolismo do acto público desta manhã para entregar ao reitor cessante da Universidade do Minho a medalha de mérito científico, reconhecendo “o papel fundamental desempenhado por António Cunha no desenvolvimento do sistema de ensino superior e científico em Portugal”. Manuel Heitor lembrou que se trata de “uma medalha atribuída em casos excepcionais, a individualidades que contribuíram decisivamente para o desenvolvimento científico de Portugal. O reitor António Cunha merece pela sua história e pelo que hoje significa para Portugal”, justificou.
No último acto público enquanto reitor, António Cunha agradeceu com emoção o reconhecimento do Governo.
“É uma honra muito grande ser distinguido por algo em que sempre acreditei, que é a ciência”, disse.
