Uso excessivo de antibióticos aumenta resistência bacteriana

Com o objectivo de sensibilizar a comunidade local para o excessivo uso de antibióticos, o Grupo de Coordenação Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções (GCL-PPCIRA), integrado no Agrupamento de Centros de Saúde de Braga, assinala de 13 a 19 de Novembro a Semana Mundial do Antibiótico.
A médica Mariana Fraga de Abreu esclarece que “os antibióticos só são eficazes para as infecções bacterianas e só devem ser utilizados quando prescritos pelo médico, não sendo eficazes em infecções víricas, como é o caso das constipações ou da gripe”.
“Está legislado, adquirir um antibiótico só com receita médica”, acrescentou.
Segundo a médica, “há cada vez mais evidência de que há um uso excessivo por parte da população, sendo que a população adquire estes medicamentos através de receitas médicas mas também através de automedicação, no contexto de outra infecção em que foi prescrito pelo médico e usam novamente”.
Ora, a toma excessiva torna o medicamento ineficaz no combate à bactéria. Mariana Fraga de Abreu esclarece que a automedicação nunca é uma solução, primeiro porque se pode tratar de “uma infecção em que aquele antibiótico não esteja directamente indicado, aí a pessoa toma o medicamento e não surge efeito”. O que acontece, continuou, é que “quimicamente há uma resistência da bactéria, mas ela permanece lá, não é eliminada”.
Só os antibióticos podem eliminar as bactérias, no entanto a sua excessiva utilização é um facto comprovado e que compromete a saúde pública.
Médicos são pressionados a receitar antibióticos e doentes não os tomam correctamente
O uso excessivo deste medicamento pode estar relacionado com diferentes factores, sendo um deles “a pressão exercida sobre os médicos, por parte dos doentes e familiares, para a prescrição de um antibiótico, que, muitas vezes, é desnecessário”. “Por outro lado, os curtos períodos que os médicos têm para fazer as consultas dificulta a precisão do diagnóstico e aumenta a prescrição do antibiótico e ainda o facto de os doentes não cumprirem a medicação até ao fim e nas doses recomendadas pelo médico”, complementou.
A resistência aos antibióticos constitui um assunto central das agendas políticas a nível mundial e da própria Organização Mundial de Saúde, por isso há alguns cuidados a ter na hora de tomar o antibiótico.
“Os doentes devem recorrer ao médico para ver se de facto se trata de uma infecção bacteriana. O médico prescreve o antibiótico para cumprir por determinado tempo e dose. O utente dirige-se à farmácia com a receita, adquire o antibiótico toma conforma a indicação médica e, no final, se sobrar algum comprimido deve ser entregue nas farmácias, nunca se deve manter os antibióticos que foram prescritos para uma determinada doença em casa”, aconselhou Mariana Fraga de Abreu.
O Grupo de Coordenação Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções está a preparar, além de acções de sensibilização para a comunidade local para a utilização correcta dos antibióticos, “uma acção de formação sobre antibioterapia para os internos de medicina geral familiar das unidades de saúde de Braga”. As inscrições para a acção de formação, que se estende a todos os profissionais de saúde interessados, já estão abertas.
Na Semana Mundial do Antibiótico é importante reter que estes medicamentos só são prescritos para o tratamento de infecção bacteriana e não de infecção vírica, como a gripe.
A prevenção e o uso controlado de antibióticos são passos importantes para que a resistência às bactérias não atinja proporções que possam afectar a saúde pública.
Áudio:
A médica Mariana Fraga de Abreu deixa alguns conselhos quanto ao uso de antibióticos.
