“Veneno”, de Albano Jerónimo, estreia hoje em Famalicão

A peça de teatro “Veneno” estreia hoje, pelas 21h30, na Casa das Artes de Famalicão. Com direcção e interpretação de Albano Jerónimo e texto de Cláudia Chéu, a narrativa de “Veneno” foca nas circunstâncias de um pai recentemente desempregado que decide sequestrar os três filhos após assassinar a ex-mulher e o seu amante.
“Veneno” explora a ideia actual da decadência da família no contexto suburbano. Albano Jerónimo explica que o objectivo da peça é “falar de coisas que hoje estão visíveis ao alcance de uma televisão”. “Este pai lida com a incapacidade de lidar com o real. Isto partiu, infelizmente, de vários exemplos violentíssimos da nossa realidade”.
Cláudia Chéu, a autora do texto, escreveu “Veneno” em 2015. Passados três anos, alterou ligeiramente o texto “por causa do perfil do actor” mas diz que o essencial ficou: “a psicopatia social continua muito na ordem do dia porque há um certo tipo de imprensa que gosta de publicitá-la”, refere.
Cláudia Chéu assinala ainda a pretensão de manifestar “a ideia que a família está a entrar em falência total, em bancarrota”, em contexto suburbano.
“Veneno” é quase inteiramente um monólogo de Albano Jerónimo, que recorre várias vezes à linguagem vernecular, com intervenções pontuais de Luís Puto, e imagens, exibidas numa tela, dos filhos, que se exprimem em canto lírico.
Albano Jerónimo enfatiza que “o cruzamento da linguagem bruta com o canto lírico” demonstra o “conflito suburbano, do pai, e algo mais erudito e aristocrático, dos filhos”, e é “no meio do pólo” que se encontra o trabalho de “Veneno”.
Contrariamente ao habitual, “Veneno”, uma produção da lisboeta Teatronacional21, estreia fora dos grandes centros urbanos. Albano Jerónimo esclarece que o propósito é mostrar a gentrificação hoje muito presente em Lisboa. “O que está por baixo disto, de certa forma, é este tecido suburbano que caracteriza estas grandes metrópoles. Cada vez mais as pessoas de Lisboa não estão na capital, mas nos subúrbios”, concluiu
“Veneno” é uma peça com interpretação e direcção de Albano Jerónimo e texto de Cláudia Chéu. Estreia hoje, pelas 21h30, no grande auditório da Casa das Artes, em Famalicão, estando também prevista a exibição para amanhã. Os bilhetes têm um custo de 8€, metade para quem tem cartão quadrilátero.
Áudio:
Albano Jerónimo e Cláudia Chéu sobre “Veneno”
