Vitória de Trump é “murro no estômago” da classe política

“Um murro no estômago da classe política”. É assim que o professor da Universidade do Minho (UM), José Palmeira, encara a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos da América. A vitória do candidato republicano nas eleições presidenciais norte-americanas foi recebida pelo docente de Relações Internacionais com “alguma surpresa”.


José Palmeira recorda que as sondagens indicavam que, embora Trump aparecesse em 2º lugar, existia alguma aproximação a Hillary Clinton. A surpresa do docente provém, por isso, de o novo presidente ser alguém sem nenhum cargo político no currículo. “A minha primeira conclusão é que a esta vitória é uma espécie de murro no estômago na classe política. Trump consegue, em primeiro lugar, furar um certo bloqueio criado no seio do Partido Republicano. Muitos dirigentes chegaram a demarcar-se da sua candidatura. Depois disso, conseguiu impôr-se no país, o que significa que a vitória foi um pouco contra tudo e contra todos”, disse.


O professor do departamento de Relações Internacionais da UM considera que Trump beneficiou do facto de a campanha de Hillary ser “colada ao que a classe política tem de pior”. “Trump beneficiou do facto de Hillary estar ligada às chamadas «elites» que dominam o poder. Ter figuras de Hollywood e do mundo da música associadas a si permitiu a Donald Trump alegar ser o candidato fora do sistema”, explicou.


Quanto às expectativas para o mandato de Donald Trump, José Palmeira considera que o republicano poderá levar um “banho de realidade” quando assumir o poder. “Falta saber se, o facto de tomar posse como Presidente, vai ser um banho de realismo e se o pragmatismo vai ser característica da sua presidência. Não nos podemos esquecer que o sistema político norte-americano é de equilíbrio entre Parlamento e o Congresso. O último pode ser um travão aos excessos de Trump, tal como o vice-presidente”, lembrou o docente.

Quanto às relações entre a Europa e o Estados Unidos da América, José Palmeira recorda que a anterior administração assumiu compromissos que não serão fáceis de reverter. Donald Trump viu com “bons olhos” a saída do Reino Unido da União Europeia. “Falta saber se a administração norte-americana, no seu conjunto, vai ter posições semelhantes às de Donald Trump, ou se as posições serão mitigadas”, considerou.


Trump já foi convidado para reunir com a União Europeia. “É natural que as relações com a Europa não tenham mudanças muito significativas. Não podemos esquecer que há compromissos, feitos pela anterior administração, que não são fáceis de inverter”, assegurou.

Mafalda Oliveira
Mafalda Oliveira

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