CEB no caminho para resolver infecções resistentes a antibióticos

O Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho (CEB) está a desenvolver uma nova forma de tratar infecções graves e resistentes a antibióticos. A solução está na utilização de bacteriófagos, vírus, que são capazes de matar e inibir o desenvolvimento de bactérias.
Esses fagos serão administrados de modo a combater doenças infecciosas como feridas crónicas, infecções respiratórias e urinárias. “Os bacteriófagos são predadores naturais. Eles infectam as bactérias, injectam o seu código genético, replicam-se e depois rebentam as células. É assim que acabam por matar a bactéria”, explica Joana Azeredo investigadora do CEB.
O CEB recebeu 175 mil euros da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) para desenvolver o estudo nos próximos três anos. Neste momento a equipa está a desenvolver um novo tipo de fagos sintéticos, que serão testados in vivo para depois poderem ser utilizados na chamada terapia fágica. Uma fórmula que tem tido um forte reconhecimento em vários países como a Alemanha, França, Bélgica ou Suíça.
Joana Azeredo recorda que este é um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido desde 2005. Neste momento o CEB contém uma vasta colecção de bacteriófagos caracterizados que já podem ser utilizados em terapias. A investigadora avança que o CEB tem sido solicitado por hospitais estrangeiros que estão interessados em adquirir os bacteriófagos para tratar doentes.
A investigadora responsável por este projecto, afirma que “uma das principais limitações da terapia fágica é o facto das bactérias desenvolverem rapidamente resistência ao fago que está a ser usado no tratamento, sendo habitualmente necessária a utilização de uma mistura de fagos ou a administração sequencial de fagos diferentes. Este projecto procura minimizar esta limitação, uma vez que os fagos desenvolvidos, por terem espectros de acção mais alargados, reduzem a probabilidade de ocorrência de resistências.”
Neste momento o foco dos investigadores passa por melhorar as características biológicas dos bacteriófagos, o que faz deles agentes antimicrobianos mais potentes. De modo a reduzir a probabilidade de ocorrência de resistências.
Portugal é o quarto país da Europa que apresenta as mais altas taxas de mortalidade por infecções causadas por bactérias resistentes a antibióticos. A investigadora responsável por este projecto deve-se ao facto de existir uma má administração de antibióticos no país.
